Por Pr. Rilson Mota
Com a chegada do verão e o aumento das temperaturas, cresce significativamente a atividade dos morcegos nas áreas urbanas e residenciais, especialmente devido ao seu período de reprodução. Esse comportamento natural dos animais, somado à busca por alimento e abrigo, eleva o risco de interação com humanos e animais domésticos. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) emitiu um alerta reforçando a necessidade de cuidados preventivos para evitar a transmissão do vírus da raiva, uma doença grave, com taxa de mortalidade próxima a 100%.
De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), cerca de 41,6% dos casos de agressões por morcegos ocorrem entre os meses de dezembro e março, período que coincide com o verão. Os meses de janeiro e fevereiro são os mais críticos, apresentando picos expressivos nos registros de atendimentos antirrábicos em comparação ao restante do ano.
A Raiva e os Morcegos: Riscos e Transmissão
A raiva é transmitida principalmente pela saliva de animais infectados, seja por mordidas, arranhões ou pelo contato com mucosas e feridas abertas. O vírus ataca o sistema nervoso central, evoluindo rapidamente para um quadro de encefalite grave, que, em quase todos os casos, é fatal. Morcegos infectados representam uma ameaça potencial não apenas para humanos, mas também para animais domésticos como cães e gatos, que podem atuar como vetores secundários do vírus.
Os morcegos são animais de hábitos noturnos e, portanto, qualquer comportamento fora do comum deve ser visto como um sinal de alerta. Um morcego encontrado caído, andando ou voando durante o dia pode estar doente ou infectado. Nesses casos, a recomendação da Sesa é evitar qualquer contato direto, isolar o local e acionar imediatamente a Secretaria Municipal de Saúde para a remoção segura do animal.
Dados Alarmantes: Aumento Sazonal dos Casos
O comparativo anual mostra um padrão preocupante. Em 2023, a diferença nos registros de atendimentos antirrábicos entre os meses de verão (janeiro/fevereiro) e outono (maio) foi de 83%, com um volume muito maior nos períodos mais quentes. Em 2024, a situação se repetiu, com aumento de 71% no início do ano em comparação com os meses frios.
Esse comportamento sazonal reforça a necessidade de políticas públicas permanentes de prevenção, incluindo campanhas de vacinação antirrábica em animais domésticos e a educação da população sobre os riscos de contato com morcegos.
Procedimentos em Caso de Exposição
Em caso de mordida, arranhão ou qualquer contato com morcegos, a orientação da Sesa é clara e urgente:
- Lave imediatamente o ferimento com água corrente e sabão neutro;
- Procure a unidade de saúde mais próxima sem demora;
- Siga rigorosamente o esquema de vacinação indicado pelos profissionais de saúde, sem faltar às doses.
A negligência com o tratamento profilático pode ser fatal. É importante lembrar que a raiva tem um período de incubação variável, mas, uma vez manifestados os sintomas, a doença se torna praticamente irreversível.
Prevenção em Animais Domésticos
A vacinação anual de cães e gatos é a principal medida de proteção contra a raiva. Mesmo animais idosos ou que não tenham acesso às ruas devem ser imunizados, pois o risco de contaminação é constante, especialmente em áreas urbanas com maior presença de morcegos.
Além da vacinação, a orientação é manter os animais domésticos supervisionados e evitar que tenham contato com morcegos ou outros animais silvestres. Em caso de agressão a cães ou gatos, é essencial procurar um veterinário para avaliação e acompanhamento.
Medidas de Segurança em Residências
Para evitar a entrada acidental de morcegos em residências, a Sesa recomenda:
- Instalação de telas de proteção em janelas e portas;
- Vedação de frestas em telhados, forros e sótãos;
- Evitar deixar luzes externas acesas durante a noite, que podem atrair insetos e, consequentemente, morcegos em busca de alimento.
Caso um morcego seja encontrado no interior de uma residência, deve-se isolar o local e capturar o animal com o uso de um balde ou pano, sem contato direto, até a chegada das autoridades de saúde.
A Importância dos Morcegos no Ecossistema
Apesar do risco associado à raiva, os morcegos desempenham um papel essencial no equilíbrio ambiental. São importantes agentes na polinização de plantas, dispersão de sementes e controle populacional de insetos, incluindo pragas agrícolas e mosquitos transmissores de doenças como a dengue.
Portanto, a orientação não é eliminar os morcegos, mas sim adotar medidas preventivas para evitar interações perigosas e garantir a segurança da população e dos animais domésticos.
Conclusão
O aumento da atividade dos morcegos no verão exige atenção redobrada e medidas preventivas efetivas. A conscientização da população sobre os riscos da raiva e a vacinação anual de cães e gatos são essenciais para evitar a propagação do vírus. O trabalho das autoridades de saúde, aliado à participação ativa da sociedade, é fundamental para conter os casos e proteger a saúde pública.
A raiva é uma doença fatal, mas 100% prevenível. Com ações rápidas e responsáveis, é possível conviver de forma segura com os morcegos, respeitando seu papel ecológico sem colocar vidas humanas e animais em risco.
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