Por Pr. Rilson Mota
Na manhã desta quarta-feira, 5 de fevereiro, Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, tornou-se palco de um encontro que promete mudar a face da saúde pública na região de fronteira entre Brasil e Paraguai. A Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa), em parceria com diversos atores nacionais e internacionais, apresentou o projeto “Vigilância em Saúde na Fronteira Brasil-Paraguai” na Itaipu Binacional. O encontro buscou não apenas o aperfeiçoamento, mas também o fortalecimento das relações entre os dois países, planejando ações conjuntas para a vigilância em saúde.
O projeto tem como objetivos principais o controle de doenças transmissíveis, a introdução de sistemas e tecnologias de monitoramento binacional, a integração de dados de saúde, a capacitação conjunta de profissionais e a criação de um modelo de cooperação que possa servir de exemplo para outras regiões fronteiriças no mundo. Este é um passo significativo em direção a uma vigilância em saúde mais eficaz e coordenada, que transcende as barreiras nacionais.
César Neves, diretor-geral da Sesa, destacou a importância desta iniciativa para a saúde pública. “A implementação desta proposta contribuirá para a promoção da segurança sanitária nacional, regional e global. O envolvimento de todos é essencial para essa ação”, afirmou, sublinhando que a colaboração é chave para o sucesso de qualquer empreendimento voltado ao bem-estar da população.
O evento contou com a presença de representantes de diversos setores e instituições, refletindo a complexidade e a necessidade de uma abordagem multidisciplinar. Estiveram presentes integrantes dos governos do Paraná e Mato Grosso do Sul, do Paraguai, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), dos ministérios da Saúde do Brasil e do Paraguai, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), além do Grupo de Trabalho da Saúde da Itaipu Binacional, o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) e profissionais de saúde de ambos os países.
Crhistianne Maymone, secretária adjunta da Saúde do Mato Grosso do Sul, enfatizou a urgência e a importância do projeto, dado o contexto de mudanças climáticas e os desafios que estas trazem para a saúde pública. “Temos 12 municípios fronteiriços com o Paraguai, por isso temos de avançar e correr contra o tempo. As mudanças climáticas nos fazem despertar para este momento e é hora de avançarmos e estamos abertos para esta cooperação”, disse, demonstrando a disposição para um trabalho conjunto.
Entre as ações propostas pelo projeto, destaca-se a implantação de uma unidade de saúde voltada para viajantes na fronteira, o desenvolvimento e a instalação de um sistema de monitoramento e alerta precoce binacional, e o monitoramento da produção de serviços e prontuários eletrônicos para atendimentos de síndromes respiratórias, febris e outras doenças transmissíveis. Estas iniciativas são vitais para a vigilância epidemiológica e para a rápida resposta a possíveis surtos ou epidemias.
Maria Goretti Lopes, diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, falou sobre a necessidade de um olhar diferenciado para a região de fronteira. “A região da fronteira precisa ser olhada de forma diferenciada, por meio de alinhamento de prioridades e iniciativas governamentais, definições de papéis e responsabilidades de cada parceiro. A informação compartilhada pode contribuir com o mapa epidemiológico da saúde”, ela afirmou, destacando a importância da colaboração para uma visão mais clara e abrangente dos desafios de saúde na área.
A cooperação entre Brasil e Paraguai nesta área de saúde pública é um exemplo de como a colaboração internacional pode servir a um bem maior, especialmente em regiões onde as fronteiras são pontos de encontro e, ao mesmo tempo, de desafio para a vigilância sanitária. A região, conhecida por sua dinâmica comercial e cultural, também enfrenta os riscos associados à mobilidade populacional e à circulação de doenças.
A iniciativa também visa a criação de uma estrutura que permita uma resposta mais ágil e coordenada a emergências de saúde pública, algo que se mostrou crucial durante a pandemia de COVID-19. A integração de sistemas de informação de saúde pode facilitar a troca de dados em tempo real, ajudando a prever e a mitigar surtos antes que eles se tornem crises.
A reunião em Foz do Iguaçu não foi apenas sobre planos e intenções; foi um marco concreto de cooperação, onde se discutiram detalhes operacionais, logísticos e financeiros necessários para tornar essas ideias em realidade. A presença de representantes de organizações internacionais como a OPAS reforça a relevância global do projeto.
A saúde do viajante, particularmente relevante em zonas de fronteira, é um ponto focal do projeto. Uma unidade dedicada pode oferecer vacinas, aconselhamento e monitoramento de saúde para aqueles que cruzam a fronteira, reduzindo o risco de disseminação de patógenos que poderiam ser introduzidos ou exportados através desta área.
O sistema de alerta precoce é outro pilar desta cooperação, permitindo a identificação rápida de potenciais ameaças à saúde pública. Com tecnologias avançadas, o sistema pode detectar padrões anormais de doenças, facilitando intervenções preventivas antes que situações se agravem.
O monitoramento da produção de serviços de saúde e a digitalização de prontuários eletrônicos são passos importantes para uma vigilância epidemiológica eficiente. Esta abordagem não apenas melhora a gestão dos recursos de saúde, mas também garante que os dados sejam coletados de maneira uniforme e acessível tanto para o Brasil quanto para o Paraguai.
A troca de conhecimento e experiências entre profissionais de saúde dos dois países é um aspecto subestimado, mas crucial. A capacitação conjunta permitirá que cada equipe aprenda com as melhores práticas do outro, elevando o padrão de atendimento e resposta a emergências sanitárias.
A parceria com a Itaipu Binacional, além de oferecer um espaço para este encontro, simboliza uma aliança estratégica entre saúde e energia, duas áreas essenciais para o desenvolvimento sustentável. A binacionalidade da usina de Itaipu reflete o espírito de colaboração que este projeto pretende inculcar na vigilância em saúde.
Este projeto também se encaixa em um contexto mais amplo de redução de riscos em saúde pública, como demonstrado pela redução de 38% no número de adolescentes grávidas no Paraná, um indicador de que políticas públicas bem articuladas podem trazer resultados positivos. A vigilância na fronteira pode ser um complemento vital para esta tendência positiva, prevenindo a importação ou exportação de problemas de saúde que poderiam reverter tais avanços.
O novo calendário para contabilizar casos de dengue no Paraná, adotado pela Secretaria da Saúde, mostra a preocupação com doenças endêmicas e a necessidade de uma vigilância epidemiológica rigorosa, algo que o projeto binacional pretende fortalecer.
Em suma, o encontro em Foz do Iguaçu foi mais do que uma reunião; foi um ponto de inflexão onde saúde, política, tecnologia e cooperação internacional se encontraram para servir à proteção de populações fronteiriças. O “Vigilância em Saúde na Fronteira Brasil-Paraguai” é um sinal de esperança e pragmatismo, onde a prevenção e a resposta a emergências de saúde não conhecem fronteiras.
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