Sérgio Brito é presidente de duas unidades da igreja Assembleia de Deus, na Baixada Fluminense. Ele também atua como psicanalista, sexólogo e terapeuta. Ao menos dez mulheres acusaram o pastor por abuso sexual.
Pastor acusado por mulheres de abuso sexual é preso.
O pastor Sérgio Brito, presidente de duas unidades da igreja Assembleia de Deus, em Duque de Caxias e em Magé, na Baixada Fluminense, foi preso por estupro de vulnerável nesta quinta-feira (16). Ao menos dez mulheres disseram ser vítima do pastor.
Além de ser líder religioso, Sérgio Brito também atua como psicanalista, sexólogo e terapeuta de adultos, casais e adolescentes. Ele também participa, semanalmente, de um programa na Rádio Melodia, uma das maiores rádios evangélicas do país.
O RJ2 conversou com uma das possíveis vítimas de Sérgio Brito, que contou que passou por uma sessão de hipnose e acordou nua na frente do pastor.
“Ele me abraça e acaba ali. Depois, eu estou deitada de novo com as minhas calças abertas e ele com a mão dentro da minha vagina”, revelou ela.
Para um parente da vítima, Sérgio Brito disse que utilizava uma técnica internacional de tratamento.
Fies em busca de ajuda
Sem revelar sua identidade, uma mulher de 21 anos contou que frequentava a igreja de Duque de Caxias com o ex-marido, local onde conheceu Sérgio Brito. Depois da separação, o pastor ligou para ela e ofereceu ajuda.
“Ele disse que poderia me ajudar, já que eu estava decidida a me separar. Ele disse que me dava total apoio e que ele atendia numa clínica em Piabetá. Eu disse a ele que estava com ansiedade, falta de atenção. Aí, ele me disse que poderia me ajudar nessa clínica”, disse a vítima.
Após pagar a consulta no valor de R$ 700, a jovem passou por uma sessão de hipnose. Segundo ela, o atendimento parecia um relaxamento mental.
Sérgio Brito é presidente de duas unidades da igreja Assembleia de Deus, em Duque de Caxias e em Magé (foto) — Foto: Reprodução TV Globo
“Ele manda você fechar o olho, deitar e começa a mexer na sua cabeça. Ele começa a falar e manda você repetir as coisas”, explicou.
Contudo, após esse primeiro momento de relaxamento, a vítima disse que perdeu a consciência por algum tempo e que quando acordou, o pastor estava com as mãos dentro de sua calça.
Quando acordou assustada com a situação, a mulher se levantou e saiu correndo do consultório do psicanalista.
‘Técnica internacional’, diz pastor
Assim que souberam do abuso, os pais da jovem foram até a igreja para conversar com o pastor. Eles gravaram as explicações de Sérgio Brito, que afirmou utilizar uma técnica de terapia internacional.
“Eu até corro muito risco por usar algumas técnicas. Na verdade, eu trouxe essas técnicas. Essa técnica não é daqui do Brasil. Eu fiz pesquisas e trouxe algumas técnicas e há 17 anos eu só faço essa terapia quando a pessoa fica mais à vontade para fazer”, disse Sérgio Brito.
Atendimento de cueca
Uma outra vítima ouvida pelo RJ2 contou que conheceu o pastor na igreja de Magé, local que frequentou por três anos. Segundo ela, a confiança em Sérgio Brito era tão grande que ele foi escolhido para celebrar o casamento dela com o marido.
Porém, ao relatar um problema que estava afetando sua vida sexual, o pastor disse que sessões de terapia poderiam ajudar.
Além de pastor, Sérgio Brito também atua como psicanalista, sexólogo e terapeuta — Foto: Reprodução TV Globo
“A gente começou a fazer o tratamento na igreja e quando foi março, a gente começou a tratar na clínica”, disse ela.
Contudo, durante uma sessão, ele disse que a vítima precisava tratar a autoestima e, para isso, teria que tirar a roupa.
“Ele falou: ‘você vai tirar sua blusa, sua calça e vai deitar de calcinha e sutiã no sofá’. Eu falei: ‘mas é necessário?’ Eu sou muito tímida, tenho muita vergonha. Ele disse: ‘é necessário porque faz parte do tratamento'”, contou a mulher.
A vítima do pastor contou que deitou de olhos fechados e ficou repetindo algumas frases ditas por Sérgio Brito.
“Quando eu abri os olhos, ele estava só de cueca. Ele tinha tirado a roupa toda”, relatou.
As vítimas prestaram queixa na Delegacia de Piabetá, que está investigando o caso. Uma delas contou que a família tem recebido ligações com ameaças após ela ter relatado o caso à polícia.
“Ele usava de hipnose para poder abusar sexualmente dessas mulheres. Para cada crime de estupro de vulnerável ele está sujeito a uma pena de até 15 anos de reclusão”, disse o delegado Ângelo Lages, responsável pela prisão.
Fim dos abusos
Com a prisão de Sérgio Brito nesta quinta-feira, uma das vítimas disse que espera que ele pague pelo crime que cometeu.
“Eu fui lá buscar ajuda de um psicanalista e de um pastor. Eu não fui para qualquer pessoa. Eu não achei ele em qualquer lugar. Eu achei ele na igreja. Uma pessoa que eu confiava, que eu achei que poderia confiar”
“Eu acredito hoje que a justiça possa ser feita e ela vai ser feita. E ele tem que pagar. Ele tem que pagar pelas coisas”, comentou.
O que dizem os envolvidos
Após as denúncias de assédio, duas reuniões foram marcadas na igreja Assembleia de Deus de Magé. O objetivo é definir o futuro do pastor.
Na delegacia, Sérgio Brito não quis comentar as acusações.
O RJ2 tentou contato com a Rádio Melodia, mas também não teve resposta.
Por Lívia Torres RJ2