Por Pr. Rilson Mota
Na escuridão da meia-noite de 18 de fevereiro de 2025, a Rodovia BR-487, em Manoel Ribas, transformou-se em um palco de adrenalina e desordem. Às 00h10min, um Fiat/Cromos branco cortava a noite pela contramão, desafiando não apenas as leis de trânsito, mas também a segurança de todos que cruzavam seu caminho, num ato que parecia desafiar a própria lógica.
A polícia, em patrulhamento vigilante, avistou o veículo e acionou sirenes e luzes, sinalizando para que parasse. O condutor, um homem de 30 anos, inicialmente obedeceu, estacionando no acostamento, mas logo revelou suas intenções: arrancou em alta velocidade, iniciando uma fuga que transformaria a rodovia em um cenário de perigo iminente.
A perseguição foi digna de um filme de ação, mas com riscos reais. O fugitivo, ignorando ordens de parada, ziguezagueava pela contramão e pelo acostamento oposto, forçando outros motoristas a desviar em pânico. A viatura policial, colocada em uma posição delicada, tornou-se alvo potencial de colisão, enquanto o condutor parecia disposto a tudo para escapar.
Diante do risco crescente, os policiais tomaram uma decisão drástica para proteger vidas: dispararam contra o solo, mirando os pneus do veículo em fuga. A estratégia, embora arriscada, surtiu efeito. Um dos tiros atingiu o alvo, e o Fiat/Cromos começou a perder estabilidade, dançando na pista até que o condutor, percebendo o fim da linha, abandonou o carro ainda em movimento.
O veículo desgovernado desceu um barranco e mergulhou em um tanque de peixes de uma chácara às margens da rodovia, um desfecho tão surreal quanto a própria perseguição. O condutor, tentando fugir a pé, não foi longe; a polícia o alcançou rapidamente, encerrando sua escapada com uma abordagem segura.
Questionado sobre o motivo da fuga, o homem de 30 anos confessou: carregava 316,5 kg de uma substância análoga à maconha no interior do veículo. Para evitar que a carga ilícita fosse danificada pela água do tanque, moradores da chácara, em um gesto de solidariedade inesperada, usaram um trator para resgatar o carro submerso, revelando não só a droga, mas também três placas de veículos que não correspondiam ao chassi.
A investigação aprofundou o caso: o chassi indicava que o Fiat/Cromos fora furtado em Curitiba em 17 de outubro de 2024, transformando a fuga em um emaranhado de crimes que incluía direção perigosa, receptação, adulteração de identificação e associação ao tráfico. O condutor, preso em flagrante, foi levado à Delegacia de Polícia Judiciária junto com a droga e o veículo.
Manoel Ribas, uma cidade geralmente tranquila, viu-se no centro de uma narrativa que mistura ousadia criminosa com a resposta ágil da polícia. A rodovia, agora silenciosa após o tumulto, guarda as marcas de uma noite que poderia ter terminado em tragédia maior, não fosse a intervenção precisa das autoridades.
Este caso é mais do que uma perseguição policial; é um lembrete da audácia do crime organizado e da necessidade constante de vigilância nas estradas. A comunidade local, que assistiu ao resgate do carro com curiosidade e alívio, reflete sobre os perigos escondidos que trafegam ao seu redor.
A reportagem sobre esta fuga em Manoel Ribas é uma celebração da coragem policial e um alerta para a segurança viária, mostrando como a união de esforços pode transformar uma noite de caos em um passo rumo à justiça. Que a rodovia BR-487 volte a ser apenas um caminho, não um palco de crimes.
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