Por r. Rilson Mota
A escalada da violência no Rio de Janeiro voltou a assombrar moradores e a expor a fragilidade na segurança pública. No último domingo (1º), um ataque a tiros em um bar no bairro Xavantes, em Belford Roxo, resultou na morte de quatro homens e deixou outro ferido. As vítimas, identificadas como Douglas de Moura Costa, Carlos Augusto Soares Batista, Leandro Marciano Azevedo e Robert de Paula, comemoravam o título do Botafogo na Libertadores quando foram alvejadas por disparos, possivelmente motivados por um desentendimento relacionado ao volume do som. Enquanto isso, outros atentados em bares de Campos dos Goytacazes e Niterói tiraram a vida de uma criança de 6 anos e de um casal, respectivamente.
O Cenário da Tragédia em Belford Roxo
O crime em Belford Roxo chocou a comunidade local e levantou suspeitas de envolvimento de milicianos. Segundo relatos preliminares, os disparos partiram de um veículo branco, cujos ocupantes fugiram após o ataque. De acordo com familiares das vítimas, o motivo pode ter sido o incômodo causado pelo som alto durante a celebração. A Polícia Civil, no entanto, ainda não descartou nenhuma linha de investigação. “Os covardes fizeram isso para acabar com a festa”, desabafou João Eduardo Alves, cunhado de uma das vítimas, destacando o caráter trabalhador e pacífico do grupo.
O histórico das vítimas não aponta ligação direta com facções criminosas, embora duas delas tivessem anotações por violência doméstica. No entanto, o ataque evidencia a vulnerabilidade de cidadãos em áreas dominadas por grupos milicianos, onde a autoridade paralela é imposta com brutalidade.
Outras Tragédias na Região
No mesmo fim de semana, Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, foi palco de outra barbárie: um menino de 6 anos morreu após ser atingido no pescoço durante um ataque a tiros em um bar. Outras três pessoas ficaram feridas e seguem internadas. Em Niterói, um casal foi brutalmente assassinado em circunstâncias similares. Esses episódios reforçam um padrão de violência aleatória que não poupa nem mesmo as populações mais vulneráveis, como crianças.
O Papel das Milícias e a Conivência Política
A suspeita de envolvimento de milicianos no ataque de Belford Roxo é mais um indício do poder desses grupos na Baixada Fluminense e em outras regiões do estado. Há anos, as milícias atuam como “senhores” de territórios inteiros, cobrando taxas, impondo regras e eliminando quem ousa desafiar sua hegemonia. Esse fenômeno é agravado pela conivência e, muitas vezes, pela colaboração de agentes políticos e policiais corruptos que lucram com essas operações ilícitas.
Os moradores da Baixada Fluminense vivem sob constante medo e opressão, com direitos básicos frequentemente suprimidos por grupos que controlam desde o fornecimento de gás até a internet. A violência, que antes era direcionada apenas contra rivais ou pessoas específicas, agora parece atingir qualquer um que represente uma ameaça, mesmo que indireta, ao poder local das milícias.
Inércia do Poder Público
Os ataques do último fim de semana escancaram a falta de respostas efetivas por parte das autoridades. Apesar de operações pontuais e prisões, a violência continua a se repetir em ciclos. A ausência de políticas públicas integradas para combater a raiz do problema – que envolve desigualdade social, corrupção e falta de investimento em segurança – perpetua o estado de calamidade.
Além disso, as instituições de segurança do Rio de Janeiro enfrentam constantes desafios. A falta de recursos, a desvalorização dos policiais e a politização das ações dificultam avanços concretos. Enquanto isso, famílias choram suas perdas e vivem com a certeza de que as respostas, quando vêm, são insuficientes.
Reflexão e Caminhos para o Futuro
O massacre de Belford Roxo e as demais tragédias do fim de semana são um chamado à ação. O Rio de Janeiro precisa de uma reforma estrutural em sua segurança pública, que envolva o fortalecimento das polícias, o combate sistemático à corrupção e a criação de políticas sociais para recuperar territórios dominados pelo crime organizado.
A sociedade também precisa refletir sobre sua responsabilidade nesse cenário. É necessário cobrar maior transparência e comprometimento de políticos, enquanto se exige um estado que atenda às demandas de seus cidadãos com respeito e eficiência. Afinal, a violência no Rio não é apenas um problema policial; é um reflexo de falhas institucionais e históricas que precisam ser enfrentadas com coragem e determinação.
Os moradores do estado merecem viver sem medo. Para isso, é imprescindível que as autoridades adotem uma postura proativa, rompam com conchavos políticos e trabalhem de forma integrada para devolver a paz às comunidades. Somente com uma mudança de paradigma será possível evitar que tragédias como as de Belford Roxo, Campos e Niterói continuem a fazer parte do cotidiano fluminense.
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