Por Pr. Rilson Mota
Rio de Janeiro – Em mais um capítulo trágico da violência que atinge todas as classes sociais no Rio de Janeiro, a médica da Marinha Gisele Mendes de Souza e Mello, de 52 anos, foi baleada na cabeça dentro do Hospital Naval Marcílio Dias, no Lins de Vasconcelos, Zona Norte, durante uma operação policial no Complexo do Lins. O caso ocorreu na última terça-feira (10), no mesmo dia em que o filho da vítima completava 22 anos, transformando o que deveria ser um dia de celebração em um marco de luto e dor.
Uma tragédia em pleno ambiente de saúde
Gisele, que era capitão de mar e guerra, médica geriatra e superintendente do Hospital Naval Marcílio Dias, participava de um evento no auditório da Escola de Saúde da Marinha quando foi atingida pelo disparo. Apesar de ser rapidamente socorrida por colegas e levada para o centro cirúrgico da própria unidade, ela não resistiu aos ferimentos. A tragédia chocou a comunidade médica, os militares e a sociedade carioca como um todo.
A Marinha do Brasil emitiu uma nota lamentando profundamente o ocorrido e reforçando o apoio à família. “A Marinha se solidariza com familiares e amigos e informa que está prestando todo o suporte necessário neste momento de grande dor e tristeza”, afirmou a corporação.
Contexto de violência incontrolável
De acordo com a Polícia Militar, o incidente ocorreu durante uma operação policial na comunidade do Gambá, parte do Complexo do Lins. Agentes foram recebidos a tiros por criminosos ao chegar na região. O policiamento foi reforçado após o confronto, mas o episódio reacendeu debates sobre os riscos de operações policiais em áreas densamente povoadas e próximas a instalações sensíveis, como hospitais e escolas.
A Polícia Civil informou que a investigação está sob a responsabilidade da Marinha, que já se comprometeu a apurar os fatos com celeridade. O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ) também se pronunciou, expressando indignação com o fato de uma unidade de saúde tão conceituada se tornar palco de uma violência tão impactante.
Impacto social e familiar
A tragédia teve um impacto devastador não só na esfera pública, mas também no âmbito familiar. Gisele era mãe de dois filhos, um deles assessor da vereadora Monica Cunha (Psol), presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara do Rio. Em suas redes sociais, a parlamentar lamentou a perda e destacou o simbolismo cruel de uma mãe ser arrancada de sua família no dia do aniversário de seu filho.
“Hoje deveria ter sido um dia de felicidade para Gisele. Seu outro filho fez 22 anos. Mas não, a história contada pelas operações policiais e armas é sempre de dor: o jovem perdeu sua mãe no dia de seu aniversário. Quantos mais?”, desabafou Monica Cunha.
A violência no Rio: um problema sem solução aparente
O caso de Gisele Mendes de Souza e Mello é mais um exemplo do impacto devastador da violência no Rio de Janeiro, que há muito ultrapassou barreiras sociais e econômicas. Hospitais, escolas, e até mesmo ambientes militares tornaram-se zonas de risco devido a operações policiais que muitas vezes terminam em tragédia.
O CREMERJ foi incisivo ao cobrar das autoridades um plano para evitar que vidas inocentes continuem sendo ceifadas em decorrência de confrontos armados. “É inaceitável que operações em áreas densamente habitadas prossigam sem planejamento adequado para minimizar os danos colaterais. O Rio de Janeiro precisa de respostas urgentes”, reforçou o conselho.
Uma cidade refém do medo
A morte de Gisele expõe mais uma vez a fragilidade do sistema de segurança pública no Rio de Janeiro, onde a violência não discrimina classe social, profissão ou localidade. Para além das estatísticas, casos como o de Gisele humanizam os números frios e revelam o impacto profundo e irreparável da insegurança na vida de famílias inteiras.
Enquanto não houver uma abordagem efetiva e ética para lidar com o crime organizado e as operações policiais, o Rio de Janeiro continuará a contabilizar perdas irreparáveis, como a de Gisele Mendes de Souza e Mello. Um nome, uma mãe, uma médica, uma vida que agora é parte de uma estatística que ninguém quer ver crescer.
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