A eletromobilidade foi um dos temas abordados no segundo dia de debates do evento promovido pela plataforma de inovação Lab4Cities Digital em parceria com InovaBra Habitat, nesta quarta-feira, 28. Segundo o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Adalberto Maluf, a mobilidade elétrica é um caminho sem volta, e o país não pode mais perder tempo para fortalecer esse mercado.
“O momento é muito desafiador. A pandemia mostrou para todos nós os problemas da poluição, da falta de uma vida mais ativa… Cidades poluídas têm três vezes mais mortes por covid do que cidades não poluídas”, destacou Maluf. “A mobilidade elétrica é uma tendência sem volta e tem de ser parte dessa estratégia. […] Em alguns momentos, como o que a gente vive agora, é um setor que ganha muita atenção. Temos que usá-lo como uma oportunidade para entregar as outras políticas públicas de qualificação do transporte.”
Leia mais: “Pandemia ‘radicalizou’ novas formas de mobilidade nas grandes cidades, dizem especialistas”
Segundo o presidente da ABVE, o atual modelo de transporte público está muito próximo de entrar em “colapso”. “Isso também traz uma oportunidade muito grande para a gente. Os ônibus elétricos, embora sejam mais caros, em 10 ou 15 anos de operação são muito mais baratos”, afirmou.
Para Maluf, é fundamental a participação dos governos e de entidades da sociedade civil para que o mercado da eletromobilidade ganhe espaço no Brasil. “Se nós não criarmos demanda, incentivo e políticas públicas consistentes, corremos o risco de ficar para trás”, alerta. “Isso vai custar muito caro para a gente. O aumento da desigualdade social é fruto disso, do fechamento de 30 mil indústrias do país. Espero que consigamos acordar a tempo de fazer essa revolução.”
Leia também: “Alemanha chega ao primeiro milhão de carros elétricos”
‘Olhar além do veículo’
Também participante do painel desta quarta-feira, a diretora-executiva do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (IPTD), Clarisse Linke, chamou atenção para a necessidade de construção de “espaços ambientalmente saudáveis e socialmente inclusivos”.
“Precisamos pensar em como essa transição tecnológica dialoga com os avanços da sociedade”, disse. “Temos três grandes movimentos acontecendo: a eletrificação, a automação e o compartilhamento. É fundamental entendermos como esses três movimentos vão dialogar e, de fato, promover essas cidades mais limpas e inclusivas.”
Leia mais: “Ford vai investir US$ 30 bilhões em veículos elétricos até 2025”
Linke destacou os exemplos de cidades que já oferecem “faixas dedicadas especialmente aos veículos elétricos”, principalmente em alguns países europeus. “Para que a eletrificação nos ofereça o máximo de benefícios, ela precisa ter um olhar para além do veículo. Em como a gente consegue mudar o nosso foco para que não tenhamos essa ênfase no deslocamento por veículo individual”, afirmou.
Também participaram do painel Cristina Albuquerque, gerente de mobilidade urbana do World Resources Institute (WRI); Marcus Regis, diretor da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME); e Raul Fernando Beck, coordenador da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil.
Leia também: “Montadora promete investir R$ 25 bi para fabricar carros elétricos em MG”
Fonte Revista Oeste