Os cadernos de anotações da renomada cientista Marie Curie, escritos no início do século XX, continuam radioativos até os dias de hoje, mais de cem anos após terem sido preenchidos com suas descobertas científicas. Esse fato surpreendente é um legado direto do trabalho pioneiro que Curie realizou no campo da radioatividade, um conceito que ela própria ajudou a definir e que revolucionou a ciência, a medicina e o entendimento da física moderna.
Um Legado de Ciência e Radiação
Marie Curie, junto com seu marido Pierre Curie, descobriu dois elementos que se tornariam fundamentais na física: o rádio e o polônio. Esses elementos são altamente radioativos, e, na época, pouco se sabia sobre os perigos que a exposição à radiação trazia à saúde. Com a determinação de explorar os segredos da matéria, Marie manipulava esses materiais sem proteção, carregando amostras de rádio no bolso do jaleco e trabalhando por longas horas no laboratório. Ela e Pierre chegaram a afirmar que os frascos de rádio brilhavam no escuro, fascinando-os a ponto de se tornarem inseparáveis dos experimentos.
Os cadernos que Marie usava para registrar seus resultados — entre outras anotações científicas, esboços e ideias — foram expostos constantemente à radiação, tornando-se, assim, contaminados por isótopos radioativos. Essa contaminação é permanente, pois os elementos que Curie manipulava têm meias-vidas extremamente longas. No caso do rádio, por exemplo, a meia-vida é de 1.600 anos, o que significa que levará séculos até que a radiação desses cadernos se torne inofensiva.
Conservação em Caixas de Chumbo
Atualmente, esses cadernos, assim como outros objetos pessoais da cientista, estão guardados na Biblioteca Nacional da França, em Paris. Para preservar esses materiais radioativos e evitar contaminações, eles são armazenados em caixas de chumbo. O acesso é restrito, e qualquer pessoa que deseje manuseá-los precisa assinar um termo de responsabilidade e usar roupas de proteção específicas, incluindo luvas e máscaras. Esse protocolo de segurança reflete o risco real que esses itens ainda representam, mesmo após mais de um século.
Curiosidades sobre a Cientista e sua Ciência Perigosa
Marie Curie foi a primeira mulher a receber um Prêmio Nobel e permanece até hoje como a única pessoa a ganhar dois Prêmios Nobel em áreas científicas diferentes: Física (em 1903, por suas pesquisas sobre a radioatividade) e Química (em 1911, pela descoberta do rádio e do polônio). A cientista dedicou sua vida ao estudo desses elementos, sem saber que os efeitos da radiação afetariam sua própria saúde. Ela morreu em 1934, aos 66 anos, de anemia aplástica, uma doença causada pela exposição prolongada à radiação. Seu trabalho, no entanto, pavimentou o caminho para avanços fundamentais na medicina, como a radioterapia para o tratamento de câncer, e abriu novas portas na pesquisa sobre a estrutura do átomo.
Os cadernos de Marie Curie, com sua radiação que desafia o tempo, são uma lembrança duradoura do impacto do seu trabalho e das condições em que a ciência era realizada na época. Esses documentos não são apenas um registro das conquistas da cientista, mas também um símbolo do preço pago pela busca do conhecimento e pela dedicação incansável à ciência. A história de Marie Curie e de seus cadernos radioativos nos lembra do poder transformador da ciência, ao mesmo tempo em que reforça a importância da segurança e dos cuidados na manipulação de materiais perigosos.
Por Pr. Rilson Mota
Para mais informações e atualizações sobre essa e outras notícias, acompanhe o Amor Real Notícias em nossas redes sociais e entre nos grupos de WhatsApp e Telegram para receber notícias em tempo real:
WhatsApp | Telegram | Facebook
Amor Real Notícias — Informando com responsabilidade e compromisso com a verdade.