Por Pr. Rilson Mota
Na pequena cidade de Ampére, no Sudoeste do Paraná, a comunidade foi sacudida por uma revelação que veio do próprio coração do poder local. Em 2025, o Ministério Público do Paraná (MPPR) tomou uma ação firme contra um vereador que, em 2023, manteve uma atividade potencialmente poluidora sem a devida licença ambiental. Este não é apenas um caso de descumprimento da lei ambiental; é uma história sobre a responsabilidade de quem representa o povo.
A denúncia, oferecida pela Promotoria de Justiça de Ampére, acusa o vereador de criar bovinos e suínos em condições que não apenas ignoravam o bem-estar animal, mas também representavam um perigo significativo para um rio próximo. A criação confinada, sem a coleta e destinação adequada dos dejetos, transformava o que deveria ser uma atividade produtiva em uma ameaça à saúde do meio ambiente.
A investigação revelou um cenário onde os animais eram mantidos em condições precárias, um problema que vai além do desafio de produzir alimentos; é uma questão de ética e cuidado com a natureza. O Instituto Água e Terra, responsável pela fiscalização ambiental, já havia autuado o vereador administrativamente, mas o MPPR decidiu que a situação exigia um olhar mais severo.
A ação do MPPR não se limitou à esfera criminal. Além da denúncia, foi ajuizada uma ação civil pública, buscando a reparação do dano moral coletivo. A indenização de R$ 40 mil, se concedida, não traria o rio de volta ao seu estado natural, mas serviria como um sinal de que a sociedade não tolera a negligência com o meio ambiente.
Um detalhe ainda mais perturbador veio à tona durante a investigação: o uso de máquinas públicas para preparar a propriedade para essa criação animal. Este fato, que coloca em questão a ética e o uso adequado de recursos comunitários, será alvo de uma investigação adicional pelo Ministério Público, levantando questões sobre a separação entre o interesse público e privado.
As penalidades previstas para os crimes ambientais denunciados são significativas. No caso de poluição por lançamento ilegal de resíduos sólidos, a pena pode variar de um a cinco anos de reclusão, conforme o artigo 54, § 2º, inciso V, da Lei 9.605/98. Já para a instalação de atividade poluidora sem licença prévia, a pena é de um a seis meses de detenção, conforme o artigo 60 da mesma lei.
Este caso em Ampére não é apenas sobre a poluição de um rio; é uma narrativa sobre a confiança, ou a falta dela, no sistema político local. Quando um vereador, figura pública eleita para zelar pelo bem-estar da comunidade, se torna protagonista de um escândalo ambiental, a sociedade questiona a integridade do processo democrático.
A comunidade de Ampére, com suas raízes agrícolas e um rio que é parte da identidade local, vê-se agora em um dilema. Como confiar em líderes que deveriam ser guardiões do ambiente que todos compartilham? A denúncia do MPPR é um lembrete de que a justiça não faz exceções, e que a preservação do meio ambiente é um dever de todos, especialmente dos que estão no poder.
A situação também lança luz sobre a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa e de uma educação ambiental mais robusta. Se alguém com acesso ao conhecimento e à influência pública pode cometer tais infrações, o que dizer da população em geral? Educação e conscientização são ferramentas essenciais para prevenir futuros danos ambientais.
O rio, que deveria ser um símbolo de vida e sustento, torna-se, neste contexto, um testemunho silencioso da negligência humana. A reparação do dano, se possível, vai além de uma indenização financeira; envolve a restauração da confiança e a cura de um ecossistema que foi desrespeitado.
Para o vereador em questão, a situação é uma lição dura sobre as consequências da irresponsabilidade. A vida pública exige um compromisso com a transparência e a integridade, valores que parecem ter sido esquecidos em meio à busca pelo lucro ou conveniência pessoal.
Este caso também serve como um alerta para outros municípios e representantes públicos. A justiça ambiental não pode ser negligenciada, e a preservação do ambiente é uma responsabilidade que transcende a política partidária ou interesses individuais.
A comunidade de Ampére espera agora que a justiça faça seu curso, mas também que este incidente sirva para fortalecer as políticas de proteção ambiental. O vereador, se condenado, não apenas pagará por seus atos, mas também contribuirá para um precedente que pode ajudar a prevenir futuras violações.
Em resumo, o caso do vereador de Ampére é um lembrete de que o poder deve ser exercido com responsabilidade e respeito ao meio ambiente. A denúncia do MPPR é um passo para garantir que aqueles que deveriam cuidar de nossa terra não sejam os mesmos que a prejudicam. Esta história, embora trágica, pode se transformar em uma oportunidade para que a comunidade se una em defesa do que é verdadeiramente valioso: um ambiente limpo e saudável para todos.
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