Segundo os advogados, trabalhadores da construção civil foram contratados para reformar Banco do Brasil, mas não receberam salário e estão em local inadequado para moradia. g1 aguarda retorno do banco e da empreiteira.
Seis trabalhadores da área da construção civil estão vivendo em situação análoga à escravidão em uma agência do Banco do Brasil, em Cambará, no norte do Paraná, segundo os advogados de defesa.
Os funcionários foram contratados para reformar a agência, mas não receberam salário e estão em local inadequado para moradia, conforme os advogados Leonardo Pimenta Aguiar e Rodolfo Luiz Pereira.
Vídeos feitos pelos trabalhadores mostram o interior da agência, que está sendo reformada, sem condições de abrigar os mesmos durante o período do serviço prestado.
Trabalhadores não têm colchão para dormir, e sem salário não conseguem voltar para Curitiba.
Procurados pela RPC, o Banco do Brasil e a empreiteira responsável pela obra não tinham dado retorno sobre o caso até o fechamento da reportagem.
Os seis homens trabalham durante o dia e dormem no banco durante a noite, segundo eles.
De acordo com os advogados, eles têm dificuldade para conseguir alimentação porque não estão recebendo salário.
“Nós estamos há cinco dias sem comer. Hoje que a gente recebeu uma doação para poder comer, estamos dormindo no chão. O banheiro nosso foi improvisado. Eu tenho três filhas, sou casado, estou há um mês e meio sem pagamento. Falar para você, estou sem saber o que fazer”, disse um dos trabalhadores.
Reforma
A agência em que eles estão em Cambará foi alvo de bandidos no início de abril. À época, houve explosões dentro do banco e parte da estrutura ficou comprometida. Em outubro, a reforma começou.
Os trabalhadores são de Curitiba, mas, sem o dinheiro do salário, não conseguem voltar para casa.
Julio Cubas conta que começou a trabalhar na obra no dia 28 de outubro e ainda não recebeu nenhum salario.
Ele disse que o Banco do Brasil rompeu o contrato com a empreiteira responsável pela reforma há pelo menos duas semanas.
Desde então, segundo ele, não há mais o que fazer dentro do banco, apenas pequenos serviços, já que não chegam mais materiais de construção.
“Nós estamos há uns 15 dias praticamente parados. Desde que estou trabalhando, não recebi nenhum pagamento deles. Foi prometido auxílio moradia, comida e nada disso foi enviado, a gente se virou com o que a tinha, os parentes mandam dinheiro para eu comer. A gente está totalmente abandonado.”
Na quinta-feira (2), a Polícia Militar (PM) foi até a agência para retirar os funcionários a pedido da gerencia do banco, mas eles não saíram.
“Por mais que a situação deles fosse degradante no ambiente que eles estavam lá, ainda assim, a outra possibilidade seria pior, porque seria a rua”, disse o advogado.
A defesa disse que vão acionar a Justiça para que os trabalhadores tenham os direitos respeitados.
“Vamos fazer, como já fizemos algumas denúncias, e vamos mais na OAB, na prerrogativa, na dignidade do ser humano, nos direitos humanos, no Ministério Público do Trabalho e o mais importante, que será a reclamatória trabalhista deles colocando o banco. Deixamos claro para o jurídico do Banco do Brasil que ainda que eles prestem esse pequeno auxílio para retirar eles de lá, já deixamos claro que vamos processá-los e colocar o Banco do Brasil no colo passivo dessa demanda por ser plenamente responsável pelo direito trabalhista deles não pagos e pelo dano existencial ou moral por esse ato ilícito da situação análoga à escravidão”, explicou Pimenta.
RPC Londrina — Londrina