Araucária, 17 de dezembro de 2025 –
O Ministério Público do Paraná (MPPR) obteve uma importante vitória na luta contra a corrupção em Araucária, com a condenação de um ex-vereador (gestão 2013–2016) e de seu ex-assessor por um esquema de “rachadinha”. A decisão judicial determina o ressarcimento de cerca de R$ 1 milhão ao erário, marcando um precedente significativo na busca pela probidade administrativa. As investigações revelaram um método de desvio de verbas públicas que lesou os cofres municipais.
As apurações da Promotoria de Justiça comprovaram que o ex-parlamentar, já falecido, valia-se de seu cargo para instituir o esquema. Ele indicava pessoas para cargos comissionados junto ao Poder Executivo de Araucária, condicionando a permanência desses servidores ao repasse de parte da remuneração mensal. Para a arrecadação dos valores desviados, o ex-vereador contava com o apoio direto e fundamental de seu ex-assessor, que operava a coleta dos repasses.
Na decisão judicial, o Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública reconheceu a prática de ato de improbidade administrativa. O ex-assessor foi condenado na modalidade de prejuízo ao erário (artigo 10 da Lei nº 8.429/1992), por sua participação ativa no desvio de recursos. Em relação ao ex-vereador, a sentença confirmou a prática de enriquecimento ilícito (artigo 9º da Lei nº 8.429/1992), consolidando a ilegalidade de suas ações.
A sentença determinou que o espólio do ex-vereador, mesmo após seu falecimento, deverá ressarcir os cofres públicos. O montante a ser restituído alcança R$ 780.582,32, limitado ao valor da herança, garantindo que os recursos desviados sejam, ao menos em parte, recuperados. Essa medida sublinha a importância da responsabilização, que se estende para além da vida do agente público envolvido em atos de improbidade.
Para o ex-assessor, as consequências foram ainda mais severas. Além do pagamento adicional de R$ 269.975,35, ele foi condenado à suspensão dos direitos políticos pelo prazo de seis anos. A decisão também o proíbe de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, por igual período. Essas sanções visam impedir sua atuação futura na esfera pública.
A atuação do Ministério Público do Paraná neste caso reforça seu papel essencial na fiscalização da administração pública e na defesa do patrimônio. A Promotoria de Justiça demonstrou persistência e rigor na apuração dos fatos, mesmo diante da complexidade de um esquema que envolvia a coação de servidores e a participação de um agente público. A condenação é um lembrete da vigilância constante sobre o uso dos recursos públicos.
Este caso em Araucária serve como um alerta contundente sobre a necessidade de transparência e ética na gestão pública. A “rachadinha” não apenas desvia dinheiro que deveria ser aplicado em serviços essenciais, mas também corrói a confiança da população nas instituições. A condenação, embora não apague os danos, reafirma o compromisso do sistema de justiça em combater a corrupção e proteger o interesse coletivo.
Comentário Exclusivo:
A reincidência de casos de “rachadinha” demonstra a persistência de práticas corruptas, apesar dos avanços legislativos e da atuação do Ministério Público. Essa condenação, embora tardia para o ex-vereador falecido, serve como um lembrete sombrio da fragilidade ética que ainda permeia parte da classe política. A engenhosidade em desviar recursos públicos, condicionando cargos a repasses, revela uma perversão do sistema que exige vigilância constante e reformas mais profundas na gestão pública.
A recuperação de valores ao erário, mesmo que parcial e limitada ao espólio, é um passo crucial, mas a lentidão da justiça e a complexidade dos processos ainda permitem que a corrupção se instale. A suspensão de direitos políticos do ex-assessor é uma medida importante, contudo, a verdadeira mudança reside na prevenção e na educação cívica. É fundamental que a sociedade exija mais transparência e mecanismos de controle que inibam tais esquemas antes que causem danos irreparáveis à administração pública e à confiança popular.
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Por Pr. Rilson Mota






