O total importado em fertilizantes pelo Paraná totalizou 2,67 milhões de toneladas, com um investimento de US$ 908 milhões, segundo dados da secretaria da Agricultura.
Nos dois primeiros meses deste ano, o estado importou 475 mil toneladas do insumo. A participação da Rússia até agora é de 22% do total desembarcado, com 105 mil toneladas e compras que totalizaram US$ 256 milhões. O Cloreto de potássio é a principal matéria prima.
Segundo a secretaria, a participação russa na importação desse insumo vem apresentando tendência de queda. A diversificação de países importadores reduziu o ritmo da demanda.
Em 2019, a Rússia exportou para o Paraná 27% (677 mil toneladas) de todo o volume de fertilizantes que chegaram nos portos do Paraná (2,28 milhões de toneladas). Em 2020, o estado importou 2,35 milhões de toneladas, sendo 645 mil vindas da Rússia, mantendo o percentual de 27%.
No ano passado, a participação caiu para 20%, para 640 mil toneladas do volume total de 2,67 milhões embarcados da Rússia diretamente para o Paraná. Ainda em 2020, o Canadá e a China participaram com 17% cada um, e Belarus contribuiu com 15%.
As culturas dependentes destes insumos são a soja, trigo, feijão e milho. Os principais fertilizantes minerais são aqueles à base de nitrogênio, fósforo e potássio. O Brasil produz os dois primeiros, mas ainda em quantidade insuficiente.
Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), o custo com fertilizantes ocupou a primeira posição dos gastos totais. A variação começou com 16% na segunda safra da soja e depois foi até 31% na primeira safra do milho.
O produtor rural desembolsou na primeira safra do milho e nas duas safras da soja cerca de R$16,00 com fertilizantes para uma saca de 60Kg dos grãos. Na segunda safra do milho, a despesa foi de R$6,85. Já na cultura do trigo a aplicação do insumo custou R$29,57 por saca. Na primeira safra do feijão o produtor pagou R$37,89 pelo produto e na segunda o preço saltou para R$41,74.
Fertilizantes e a guerra
A preocupação com os altos custos, a escassez do insumo e a possibilidade de cancelamento de fertilizantes enviados pela Rússia, podendo trazer consequências trágicas tanto no aumento de preços dos fertilizantes quanto na implantação da lavoura, vem se tornando cada vez mais presente no dia a dia da secretaria de estado, entidades ligadas ao campo e produtores rurais.
Por isso, o Departamento de Economia Rural emitiu nesta quarta-feira (23) uma nota técnica com o objetivo de orientar e alertar produtores sobre os impactos econômicos, e as consequências na rentabilidade da produção agrícola que a situação pode trazer.
O Deral também apresentou na nota alternativas inovadoras e tradicionais que podem ser aplicadas para aumentar a eficiência da fertilidade do solo, assim como o planejamento das próximas safras focando no balanço de nutrientes para economizar na aplicação do produto e evitar riscos financeiros.
O documento traz uma análise técnica do tema, com recomendações de manejo das alternativas disponíveis para racionalizar o uso do produto no campo.
“Deixa muito claro a necessidade de fazer com frequência análises do solo para ver as deficiências, e fazer a recomendação adequada para cada atividade que a gente vai fazer no dia a dia. Então nós falamos também em conservação de solo e da água, de não compactação, de não erosão, da necessidade de ter solo química, física e biologicamente bem resolvidos para guardar água e para permitir que a fertilização que a gente faça mesmo em menor escala ela seja plenamente aproveitada pela raiz das plantas”, ressalta o secretário da agricultura e abastecimento Norberto Ortigara.
Por fim, a secretaria também enfatizou a urgência em investimentos com projetos de pesquisa e desenvolvimento na indústria de transformação de matéria-prima mineral em fertilizantes, com o objetivo emergencial de fortalecer a produção nacional.
Fonte: Canal Rural