A perda de alunos e o aperto nas contas causados pela pandemia não frearam os planos de investimento de uma das empresas paranaenses mais tradicionais no segmento de educação. Após a abertura de uma nova unidade do Colégio Positivo, em Florianópolis, que fortalece a presença da marca em Santa Catarina, a Positivo Educacional – braço do Grupo Positivo — segue de olho em aquisições e novas oportunidades no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Mas de forma conservadora, sem a agressividade que se tornou a tônica de outros grupos nacionais no segmento.
“Se você tem uma solidez financeira, tem condição e tem também uma visão a médio e longo prazo, não vai ser por causa de uma tempestade que está passando agora que você vai deixar de pavimentar o seu futuro”, destaca Lucas Guimarães, presidente da Positivo Educacional, sobre a crise causada pela Covid-19. O executivo indica que a empresa vai às compras ainda neste ano, de olho na aquisição de escolas menores, mas quer crescer de forma orgânica. “Não nos enxergamos como consolidador, como a gente vê no mercado nos grupos que têm fundos e muito capital de terceiros, que têm meta de fazer cheque. [Não temos intenção] De comprar tantas escolas em certo tempo. Não temos esse tipo de meta”, indica.
Guimarães prega um olhar conservador nas aquisições. “Se tem a possibilidade orgânica, vamos olhar. Tem a possibilidade de aquisição, vamos olhar. O que é interessante? Qual é o posicionamento desta escola nessa praça? Qual é o potencial da escola? Qual é a qualidade? Como ela agrega para a nossa rede, para o nosso faturamento? A gente tende a ser cuidadoso nesses movimentos, mas não paramos de olhar [para novas oportunidades] e devemos continuar fazendo, de forma cautelosa, as aquisições”, indica.
Nos últimos anos, o Colégio Positivo ganhou corpo fora de Curitiba, avançando principalmente pelo Paraná, em cidades como Cascavel e Ponta Grossa. De 2016 para cá, ultrapassou as divisas estaduais, com duas unidades em Joinville, em Santa Catarina. Com a compra do Colégio Vila Olímpia, na capital catarinense, no fim do ano passado, o Colégio Positivo chegou a 16 unidades de ensino, em sete cidades. Juntas, atendem 15 mil alunos desde a Educação Infantil ao Ensino Pré-Vestibular.
O presidente indica que a empresa procura novos mercados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, além do Sul. “Ainda não fizemos nada no Sudeste ou Centro-Oeste porque não encontramos nada que nos convenceu ainda ou porque não conseguimos fazer a aquisição por n motivos, como negociação”, diz.
Pandemia foi desafio para setor educacional
Apesar dos planos de expansão, o grupo admite as dificuldades desde o início da pandemia da Covid-19. “Ainda está sendo um momento muito difícil”, define Lucas Guimarães. “A gente perdeu [matrículas] especialmente na Educação Infantil. Nesta faixa chegou a 40% [de queda nas matrículas] em alguns anos [de ensino]”, diz.
Com a situação econômica afetando a remuneração de muitos pais, os colégios do grupo passaram a sofrer pressão por descontos, afetando também a receita. “O que a gente fez foi repassar todos os ganhos que a gente teve com uso de MP [Medida Provisória 1.045, que permitia redução de jornada e salários], por exemplo. Assumimos o compromisso com os pais de não lucrar com a pandemia”, aponta o presidente.
“A gente vê agora, em 2021, uma retomada. Ainda não chegamos no nível anterior à pandemia. Há algum caminho aí pela frente. Mas vemos o movimento inverso, com matrículas ao longo do ano, especialmente na Educação Infantil, e um pouco nos anos iniciais [de Educação Básica] também”, diz Guimarães.