3º filme estrelado por Tom Holland é excelente conclusão da trilogia e de 20 anos de produções do herói. Ao estrear nesta quinta (16), entrega o que fãs querem e ainda guarda algumas surpresas.
“Homem-Aranha: Sem volta para casa” é o “Vingadores: Ultimato” (2019) dos filmes do herói. Afinal, consegue, ao mesmo tempo:
- ser uma conclusão grandiosa de anos de histórias;
- amarrar muitas pontas soltas deixadas até por versões anteriores do personagem;
- superar expectativas – altas ou baixas – ao entregar tudo o que fãs queriam, abusando da nostalgia de filmes e de HQs;
- e ainda guardar algumas surpresas emocionantes.
A grande estreia desta quinta-feira (16) joga para a torcida do começo ao fim e poderia se contentar com sua vitória antes mesmo do início, já que bateu recordes de números em sua pré-venda.
Mas o terceiro filme protagonizado por Tom Holland e dirigido por Jon Watts de alguma forma vai além, ao mostrar a presença de um plano maior no arco construído pela trilogia com momentos decisivos e verdadeiramente comoventes.
Tem dimensões paralelas, magia e muita coisa que, misturada, não deveria nem funcionar. E se o ritmo sofre um pouco em alguns momentos, “Sem volta para casa” ganha mesmo ao completar um ciclo que ajuda o herói a crescer e evoluir, enquanto – quase que paradoxalmente – o aproxima de suas origens.

‘Homem-Aranha: Sem volta para casa’ ganha novo trailer
Fim do mistério
A história começa onde a anterior, “Longe de Casa” (2019) terminou. Após ter sua identidade revelada pelo vilão Mystério (Jake Gyllenhaal), pouco antes de sua morte, o jovem Peter Parker tem a vida virada do avesso.
Quando a nova fama prejudica o amigo e a namorada, ele busca um dos maiores magos do mundo (em um mundo onde magia é real), o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), na tentativa de reverter a situação.
O feitiço no entanto dá errado (em uma das cenas mais irritantes do filme) e afeta a barreira entre dimensões paralelas. O resultado é o aparecimento de antigos vilões que sabiam que o Homem-Aranha é na verdade Peter Parker – mas não exatamente esse Peter Parker.
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Benedict Cumberbatch e Tom Holland em cena de ‘Homem-Aranha: Sem volta para casa’ — Foto: Divulgação
Pois é. Quem dá as caras são antagonistas das duas versões cinematográficas anteriores do cabeça de teia, vividas por Tobey Maguire (entre 2002 e 2007) e Andrew Garfield (2012 e 2014).
O número mágico
Com cinco ameaças para enfrentar, Peter se vê obrigado a crescer como herói e decidir se enviá-los de volta é o suficiente ou se suas responsabilidades vão além. Mas, com a complexidade da missão, ele pelo menos pode contar com alguns amigos.
Se há algo que filmes anteriores do personagem ensinaram é que tramas com muitos inimigos ao mesmo tempo são má ideia – né, “Homem-Aranha 3” (2007)
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Electro (Jamie Foxx), Homem Areia e Lagarto são alguns dos vilões que retornam em ‘Homem-Aranha: Sem volta para casa’ — Foto: Divulgação
No entanto, “Sem volta para casa” tem a grande vantagem de não precisar de apresentações ou construções de personalidades.
Claro, o roteiro depende muito de um conhecimento prévio do público, mas, considerando a popularidade da trilogia original dirigida por Sam Raimi, fãs do gênero dificilmente sofrerão – enquanto se deleitam na nostalgia em relação a alguns dos melhores filmes do herói.
Ajuda demais também a qualidade dos atores. Alfred Molina dá ao Doutor Octopus, vilão de “Homem-Aranha 2” (2004), seu charme característico e injeta um pouco do humor Marvel de forma natural.
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Willem Dafoe interpreta o Duende Verde em ‘Homem-Aranha: Sem volta para casa’ — Foto: Divulgação
Já Willem Dafoe é o grande trunfo da produção, com um Duende Verde/Norman Osborn ainda mais desenfreado que o do primeiro “Homem-Aranha” (2002). Apoiado em um desenvolvimento notável, ele finalmente leva aos cinemas o status dos quadrinhos de maior inimigo do Aranha.
Grandes poderes
Com tudo isso, “Sem volta para casa” poderia se parabenizar por um trabalho bem-sucedido, e que inevitavelmente vai fazer uma montanha de dinheiro, mas o filme não se dá por satisfeito.
São tantas coisas a resolver que o ritmo sofre e a história perde muito da inocência e da diversão mais adolescentes que marcaram seus dois antecessores diretos, mas faz sentido.
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Alfred Molina em cena de ‘Homem-Aranha: Sem volta para casa’ — Foto: Divulgação
Ao mostrar o plano certeiro e paciente por trás da trilogia, a trama encontra espaço para surpreender um público afogado em teorias e expectativas com momentos que obrigam o desenvolvimento do protagonista e fazem homenagens às suas próprias origens.
Com duas horas e meia de duração, o roteiro consegue até dar uma explicação bem aceitável para o que seria uma conclusão frustrante, amarrando pontas soltas deixadas nas últimas duas décadas de histórias do herói.
No fim, Peter Parker não é mais aquele adolescente inocente com grandes poderes – e seu futuro, com olhar direto para seu passado, está mais aberto do que nunca. E os fãs só têm a ganhar com isso.
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Jacob Batalon e Zendaya são alguns dos amigos que ajudam Tom Holland em ‘Homem-Aranha: Sem volta para casa’ — Foto: Divulgação
Por Cesar Soto g1