Em março, os agricultores peruanos ficaram com um déficit de 180 mil toneladas de fertilizantes à base de ureia. O insumo nitrogenado é fundamental para a produção agrícola e sua falta ameaça gerar uma escalada de fome no Peru.
A produção de alimentos básicos, como arroz, batata e milho, deve cair até 40%, a menos que o problema seja resolvido, segundo o peruano Eduardo Zegarra, economista agrário do centro de pesquisas Grupo de Análises para o Desenvolvimento.
“A crise dos fertilizantes é de segurança nacional”, disse Zegarra. “Se, nos próximos meses, o Peru não comprar ureia de algum lugar, a safra agrícola será um desastre.”
Cerca de 70% dos fertilizantes utilizados pelos agricultores peruanos vinham da Rússia; e 20%, da China. Desde que os russos iniciaram a invasão à Ucrânia, no fim de fevereiro, o preço do produto disparou em todo o planeta. O conflito elevou o custo do gás natural, principal insumo para a produção da maioria dos fertilizantes nitrogenados.
Os mercados também temem que sanções à Rússia, um grande exportador de baixo custo de todos os principais tipos de insumos agrícolas, possam atrapalhar o comércio global.
“Mensalmente, os produtores [do Peru] demandam pelo menos 40 mil toneladas e estavam entrando apenas 5 mil toneladas por mês e agora é zero, tudo parou”, disse Zegarra, em entrevista recente ao jornal peruano RPP Notícias. “As compras futuras de fertilizantes não existem mais no mercado internacional. O momento é crítico.”
Fertilizantes no Brasil
A situação que ameaça gerar uma escalada de fome no Peru é diferente da brasileira quanto à quantidade. No Brasil, conforme mostrou um levantamento feito por Oeste, as importações de fertilizantes da Rússia em março de 2022 foram maiores que no mesmo mês em 2021. O preço, entretanto, também está maior.
Fonte: Revista Oeste