Por Pr. Rilson Mota
Apesar das ações educativas, como a campanha Janeiro Branco realizada em Guarapuava, a saúde mental no Brasil ainda enfrenta desafios que transcendem iniciativas pontuais. O país, reconhecido por suas belezas naturais e diversidade cultural, carrega uma sombra preocupante: o aumento dos transtornos mentais e a insuficiência de estrutura para enfrentá-los.
A Dimensão do Problema
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) colocam o Brasil como líder mundial em prevalência de ansiedade e um dos primeiros no ranking de casos de depressão. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 12 milhões de brasileiros sofrem de depressão , enquanto os casos de ansiedade afetam mais de 18 milhões de pessoas. Esses números, alarmantes por si só, representam apenas a ponta do iceberg em um sistema de saúde que luta para dar conta da demanda.
Falta de Estrutura e Atendimento
Embora os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) desempenhem um papel crucial no tratamento de transtornos mentais, sua distribuição pelo território brasileiro é desigual. Municípios menores ou distantes de grandes centros urbanos muitas vezes não possuem nenhum CAPS, obrigando os pacientes a viajarem longas distâncias em busca de ajuda. Além disso, a falta de profissionais especializados em saúde mental, como psiquiatras e psicólogos, sobrecarrega os serviços existentes, resultando em longas filas de espera.
Impacto da Pandemia de COVID-19
A pandemia de COVID-19 agravou ainda mais a situação. O isolamento social, o medo do contágio e a perda de esses queridos intensificaram os problemas de saúde mental. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), já fragilizada, enfrentou dificuldades para absorver o aumento da demanda, levando muitas pessoas a buscarem soluções fora do sistema público, como terapias privadas, inacessíveis para grande parte da população.
Estigma e falta de informação
Outro obstáculo significativo é o estigma associado aos transtornos mentais. Muitas pessoas ainda enxergam problemas como depressão e ansiedade, como fraqueza ou falta de vontade, ou que dificultam a busca por ajuda. Campanhas como o Janeiro Branco são importantes para conscientizar a população, mas o alcance dessas iniciativas ainda é limitado.
Guarapuava e o Janeiro Branco
A ação educativa realizada pela Prefeitura de Guarapuava é um exemplo positivo de como enfrentar o problema. A Blitz informativa na Rua XV de Novembro destacou a importância de cuidar da saúde mental desde o início do ano, promovendo a conscientização e oferecendo informações sobre os serviços disponíveis, como as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e os CAPS.
Relatos da Comunidade
Os depoimentos de moradores de Guarapuava durante a campanha reforçam a relevância do tema. Leia Cebulski, por exemplo, destacou como as preocupações do início do ano podem afetar a saúde mental: “Essa campanha está protegendo nossa cabeça agora, para não virar um problema”. Já Mayla Eduarda chamou a atenção para a falta de percepção sobre a importância do tema: “Muitas vezes só pensamos na saúde mental quando já estamos em uma situação muito crítica.”
Desafios do Sistema de Saúde
No Brasil, a escassez de recursos destinados à saúde mental é um reflexo de uma política pública que ainda prioriza o tratamento de doenças físicas em detrimento das mentais. Dados do Ministério da Saúde mostram que apenas 2,4% do orçamento da saúde é destinado à saúde mental , enquanto a OMS recomenda um investimento mínimo de 5%.
Soluções e Caminhos
Especialistas apontam algumas soluções para mitigar a crise:
- Expansão da Rede CAPS : Aumentar o número de centros de atenção psicossocial em áreas carentes.
- Iniciativas de Educação : Ampliar campanhas de conscientização, como o Janeiro Branco, para reduzir o estigma.
- Telemedicina : Implementar serviços de atendimento remoto para alcançar regiões mais isoladas.
- Parcerias Públicas e Privadas : Estimular iniciativas conjuntas para financiar projetos de saúde mental.
- Capacitação Profissional : Incentivar a formação de profissionais especializados em saúde mental.
A Importância do Cuidado Contínuo
Conforme destacado pelo psicólogo Jonatan Schneider durante a campanha em Guarapuava, o cuidado com a saúde mental deve ser uma prática contínua. Ele lembrou que os serviços oferecidos pelo município estão disponíveis ao longo de todo o ano e incentivam a população a procurar ajuda quando necessário.
Reflexão Final
Embora iniciativas como a de Guarapuava sejam essenciais, o Brasil ainda precisa enfrentar desafios estruturais e culturais para transformar a saúde mental em uma prioridade nacional. A conscientização é o primeiro passo, mas é necessário ir além, garantindo acesso universal ao tratamento e promovendo uma sociedade que compreende que cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo. Afinal, um país só pode avançar quando sua população é física e mentalmente saudável.
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