Caqui-passa oferece ao agricultor a possibilidade de ter um produto que explora todas as qualidades da fruta, tem maior valor de mercado e pode ser comercializado por até 14 meses.
A produção de caqui já foi importante para a economia de alguns municípios da Região Metropolitana de Curitiba. Nos últimos anos a cultura perdeu espaço em virtude do aparecimento da antracnose, doença que compromete a produção. A falta de rentabilidade dos pomares também levou muitos produtores a optar por outras atividades, como a produção de grãos.
Ainda assim, alguns plantios resistem e os extensionistas do Instituto de Desenvolvimento Rural-Iapar- Emater (IDR-Paraná) buscam alternativas para aumentar a rentabilidade dos pomares. Uma delas é a produção do caqui-passa, o caqui desidratado, que oferece ao agricultor a possibilidade de ter um produto que explora todas as qualidades da fruta, tem maior valor de mercado e pode ser comercializado por até 14 meses.
A ideia de produzir o caqui-passa vem sendo desenvolvida há alguns anos na Estação de Pesquisa em Agroecologia CPRA do IDR-Paraná, em Pinhais. De acordo com a extensionista Simone Richter, os experimentos iniciaram há 15 anos aproveitando um secador de plantas medicinais instalado no local.
Ela contou que na época muitos produtores procuravam uma alternativa, pois tinham dificuldade em vender a fruta in natura. “Verificamos que o fruto desidratado mantinha suas qualidades de cor e sabor, equivalendo a um damasco seco, e aumentando seu tempo de prateleira”, observou Simone.
Algumas associações de Campina Grande do Sul já manifestaram interesse em fazer a produção do caqui-passa. Seria uma alternativa para aumentar a rentabilidade dos pomares da fruta que, por anos, fizeram a fama do município.
Simone acredita que desidratar o caqui evitaria desperdícios, já que depois de colhida a fruta continua amadurecendo e muitas vezes o produtor perde parte da produção. Depois de desidratado, ele pode ser embalado e armazenado por mais de um ano, de acordo com os experimentos feitos na Estação.
SEM DESPERDÍCIO – Outra vantagem é que o agricultor pode aproveitar até mesmo os frutos atacados por antracnose. A extensionista informou que os caquis que passam pelo processo de desidratação devem ser descascados, e nessa etapa podem ser retiradas as partes atingidas pela doença, sem prejuízo para a qualidade do produto final.
“A utilização do caqui com antracnose não representa risco algum de saúde para o consumidor, uma vez que a doença se localiza superficialmente na fruta. Mesmo o caqui que tem aquele gosto adstringente, do tanino, pode ser desidratado, resultando numa passa doce e saborosa”, observou.
RENDIMENTO – A Estação de Pesquisa conta com um secador elétrico, com 24 bandejas, e capacidade para secar até 30 quilos de frutas por vez. Os frutos são descascados, as sementes retiradas e os caquis cortados em fatias para a desidratação. O processo dura cerca de 30 horas.
“As experiências feitas com frutos da variedade Kakimel mostraram um rendimento final, médio, de 33%. Cada 100 quilos de frutas in natura resultam em 33 quilos de frutas secas”, informou Simone.
De acordo com ela, um secador como o da Estação custa em torno de R$ 25 mil e por isso o recomendável seria a compra do equipamento por um grupo ou associação. O secador também pode ser usado para desidratar tubérculos, outras frutas e plantas medicinais.
COMERCIALIZAÇÃO – A extensionista informou que muitas lojas de produtos naturais já compram o caqui-passa de outros países, apesar de existir o potencial de produção local. A produção, depois de embalada, dispensa refrigeração e sua comercialização pode ser estendida ao longo do ano.
Fonte: AEN