Por Pr. Rilson Mota
Se o churrasco já era um prazer caro, agora está ficando cada vez mais inacessível. Nos últimos 12 meses, o preço da carne teve um aumento de 15,43%, conforme aponta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (10). Essa é a maior alta registrada desde outubro de 2021, quando o aumento chegou a 19,71%. Somente em novembro, a carne ficou 8,02% mais cara, marcando o maior avanço mensal desde dezembro de 2019. E a pergunta que não cala é: cadê a picanha?
Os cortes mais procurados para o churrasco, como a alcatra (9,31%), o coxão mole (8,57%), o contrafilé (7,83%) e a costela (7,83%), registraram aumentos expressivos. A tão sonhada picanha também segue subindo de preço, dificultando sua presença na mesa do brasileiro. André Almeida, gerente da pesquisa do IBGE, explica que a menor oferta de animais para abate, somada ao aumento das exportações, tem reduzido o estoque de carne no mercado interno, elevando os preços. “Menos produto disponível significa preços mais altos, especialmente em um mercado aquecido”, afirma.
Com as festas de fim de ano chegando, a tendência é que o preço suba ainda mais. O economista André Braz, do FGV Ibre, destaca que a demanda sazonal, aliada à queda no desemprego em 2024, está pressionando ainda mais os preços. “Em dezembro, com o aumento das confraternizações, a carne pode ficar ainda mais cara, tornando o churrasco de Natal um luxo para muitos brasileiros”, alerta.
Churrasco mais leve, bolso mais pesado
Enquanto os preços das carnes bovinas seguem em alta, o impacto no orçamento das famílias se torna mais evidente. Relatório da consultoria Datagro mostra que o aumento no preço da arroba do boi gordo está refletindo diretamente nos custos no atacado e no varejo. “Embora o mercado ainda permita algum consumo, estamos vendo uma pressão crescente que pode limitar o acesso à carne bovina para boa parte da população”, aponta o estudo.
A tradicional picanha, símbolo de um churrasco completo, está cada vez mais rara na mesa dos brasileiros. Cortes alternativos como a carne suína e o frango estão ganhando espaço, mas nem sempre conseguem substituir o sabor e a tradição que a carne bovina oferece. A alta dos preços também afeta restaurantes e açougues, que buscam alternativas para não repassar integralmente os custos aos clientes.
Fim de ano salgado
Com a inflação dos alimentos em alta, o grupo de alimentação e bebidas registrou um aumento de 1,55% em novembro, sendo as carnes o principal vilão. A consultoria Datagro prevê que os preços podem continuar subindo até o início de 2025, pressionados pela alta do boi gordo e pela demanda aquecida nas festas de fim de ano.
Para muitos, o churrasco — especialmente com picanha — está se tornando um luxo. Especialistas sugerem que, além de buscar cortes alternativos, o consumidor brasileiro deve planejar suas compras com antecedência para minimizar o impacto no orçamento.
Enquanto isso, a pergunta permanece: cadê a picanha? A resposta parece estar nas exportações, no aumento dos custos de produção e na alta demanda internacional, fatores que mantêm os preços elevados e desafiam o consumidor brasileiro. Para 2025, o cenário é de cautela, com a inflação e os custos de vida mantendo o churrasco como um evento cada vez mais exclusivo.
Amor Real Notícias — Informando com responsabilidade e compromisso com a verdade.
Acompanhe nossas atualizações nas redes sociais e fique bem informado:
WhatsApp | Instagram | Telegram | Facebook
Entre em contato conosco:
Email: redacao@amorrealnoticias.com.br