Por Pr. Rilson Mota
Em uma sociedade onde a política deveria ser o alicerce da moralidade pública, o Brasil testemunha um espetáculo onde a corrupção, disfarçada de promessas e favores, é a verdadeira estrela das eleições. Desde o vereador até o presidente, há uma dança oculta, uma coreografia de conchavos que transforma a democracia em um mercado de trocas, onde o voto do cidadão é a moeda de barganha.
A corrupção em nosso país não é apenas um ato isolado de desvio de fundos; é um sistema bem orquestrado de cumplicidades que começa nas urnas. O vereador, muitas vezes o político mais próximo da população, pode prometer melhorias locais em troca de apoio eleitoral. Ele sabe que um parque novo ou uma quadra reformada pode ser o suficiente para garantir votos, mesmo que esses projetos nunca saiam do papel após a eleição.
Na esfera municipal, prefeitos utilizam-se de artifícios semelhantes. Eles prometem solucionar problemas crônicos como a falta de saneamento ou transporte público decente, mas frequentemente, uma vez eleitos, esses compromissos são esquecidos ou adiados indefinidamente. A realidade é que muitos prefeitos se aproveitam do poder para favorecer empresas amigas em licitações ou para desviar recursos que deveriam beneficiar toda a comunidade.
Quando olhamos para os deputados estaduais e federais, a trama se complica. Eles se envolvem em conchavos que vão além dos interesses locais, negociando apoio para projetos de lei em troca de vantagens pessoais ou partidárias. A política torna-se um jogo onde o que está em jogo não é o bem-estar coletivo, mas sim a manutenção do poder e o enriquecimento ilícito.
No Senado, a situação não é diferente. Senadores, com seu mandato mais longo, têm mais tempo para tecer uma rede de favores que, por vezes, se estende a nível nacional ou até internacional. Eles são mestres em fazer promessas que nunca são cumpridas, como reformas estruturais que poderiam transformar o país, mas que acabam se perdendo em uma burocracia corrupta.
Governadores, por sua vez, jogam em um campo mais amplo, onde o conchavo político pode envolver grandes somas de dinheiro público desviadas para campanhas eleitorais ou para “caixinhas” que garantem lealdade de aliados. As promessas de melhorar a saúde, a educação e a segurança pública são frequentemente enterradas sob uma pilha de corrupção que afeta diretamente a vida dos cidadãos.
O chefe de Estado, o presidente, representa o ápice deste sistema corrupto. Com o poder de influenciar políticas nacionais, o presidente pode prometer mudanças revolucionárias, mas a realidade muitas vezes é uma continuação da política de conchavos, onde o interesse privado supera o público. A corrupção em tal nível pode ser devastadora, afetando internacionalmente a imagem e a economia do país.
O eleitor, neste cenário, se torna cúmplice, ainda que muitas vezes involuntariamente. A troca de votos por benefícios imediatos cria uma cultura onde a corrupção é vista como um mal necessário para obter algo em troca. Esta prática desvirtua o sentido da democracia, desvalorizando o voto e enfraquecendo a moralidade política.
O custo da corrupção para o Brasil é incalculável, mas visível em cada hospital sem insumos, em cada escola sem material didático, e em cada delegacia sem efetivo suficiente para garantir a segurança pública. A saúde, que deveria ser um direito universal, sofre com desvios de verbas, resultando em filas de espera intermináveis e falta de medicamentos.
A educação, que deveria moldar o futuro da nação, é prejudicada por obras fantasmas e por professores mal remunerados. A segurança pública, por sua vez, é enfraquecida quando o dinheiro que deveria ir para equipamentos e treinamento é desviado para bolsos privados, deixando a população à mercê da criminalidade.
A corrupção não é apenas uma questão de números desviados; é sobre vidas que poderiam ter sido salvas, sobre jovens que poderiam ter tido uma educação de qualidade e sobre cidadãos que poderiam viver em segurança. É um roubo não apenas de recursos financeiros, mas de oportunidades e esperanças.
Como, então, devemos escolher nossos governantes? Primeiramente, é imperativo que o eleitor exija transparência e integridade. Devemos olhar para além das promessas e analisar o histórico de cada candidato. A moralidade deve ser um critério tão importante quanto a competência técnica.
É fundamental que haja uma educação política que ensine desde cedo a importância do voto consciente, a compreensão dos mecanismos democráticos e o papel do cidadão na fiscalização dos atos públicos. A sociedade precisa de vigilância constante, não apenas durante as eleições, mas ao longo de todo o mandato dos eleitos.
Devemos apoiar instituições e movimentos que combatem a corrupção, fortalecendo a fiscalização e a transparência. A mídia independente, a justiça, e organizações da sociedade civil são aliados na luta contra este mal que corrói a essência do nosso país.
Nossos governantes devem ser escolhidos com base em planos claros e viáveis, não em promessas vagas ou em troca de favores. Devemos buscar aqueles que demonstram uma verdadeira vontade de mudança, que não só falam, mas agem em prol do bem comum, que são capazes de construir pontes e não apenas de manobrar nos bastidores da política.
A corrupção é um vírus que se infiltra em todas as camadas da sociedade, mas a cura está na nossa capacidade de discernir, na nossa coragem de dizer “não” aos conchavos e na nossa determinação de exigir líderes que nos representem com dignidade e honestidade.
Essa é a responsabilidade de cada brasileiro: não ser apenas um eleitor, mas um guardião da democracia, um defensor da justiça e um agente de transformação. Pois se a corrupção é eleita a cada pleito, é também pelo voto consciente que podemos destituí-la do poder, construindo um Brasil onde a política é, de fato, a arte do bem comum e não do conchavo.
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