Por Rilson Mota
A proposta de taxar os super-ricos, promovida pelo Brasil durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, reacendeu um debate global sobre justiça tributária e o papel das grandes fortunas no financiamento de políticas sociais. Para o governo brasileiro, liderado pela esquerda, a inclusão do tema na declaração final do G20 seria uma “grande vitória”. Mas a questão levanta dúvidas fundamentais: é uma medida eficiente ou apenas mais um fetiche político que ignora as realidades econômicas?
O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, defendeu a proposta como um legado do Brasil no G20. “Estamos muito esperançosos de que a gente consiga, pela primeira vez, ter como resultado de uma cúpula do G20 uma resolução que aponte para a necessidade do que a gente chama de taxação dos super-ricos”, declarou. A ideia, no entanto, enfrenta críticas contundentes por suas implicações econômicas e pela desconexão com a realidade de muitos países.
Taxação: Um Fetiche Repetido em Palcos Globais
A taxação de super-ricos não é um tema novo. Países como França, Espanha e Colômbia já adotaram políticas semelhantes, com resultados ambíguos. Na França, por exemplo, a implementação de um imposto sobre grandes fortunas levou à fuga de capitais e à migração de milionários para outros países com sistemas fiscais mais amigáveis. Essa “evasão de riqueza” resultou em perda de arrecadação e fragilizou ainda mais a base econômica.
No Brasil, a proposta de taxar os super-ricos chega em um momento de carga tributária já elevada. Empreendedores e empresários, que são os principais geradores de emprego e renda, enfrentam uma pressão fiscal que inibe investimentos e dificulta a expansão de negócios. Com uma carga tributária que já supera 33% do PIB, há pouco espaço para criar novos impostos sem causar impactos negativos no mercado de trabalho.
Além disso, muitos defensores da medida parecem ignorar o impacto que uma alta tributação tem na geração de riqueza e na criação de empregos. Países com sistemas tributários pesados frequentemente enfrentam fuga de investimentos, desindustrialização e dependência crescente de programas sociais financiados por uma base econômica cada vez mais limitada.
Quem Paga a Conta?
O argumento moral em torno da taxação dos super-ricos frequentemente desconsidera uma questão essencial: quem paga a conta final? Em economias como a brasileira, onde uma parcela significativa da população depende de programas sociais (que consomem cerca de 20% do PIB), a arrecadação adicional não resolve o problema estrutural da má gestão pública e da ineficiência administrativa.
Ao contrário, a conta frequentemente recai sobre as empresas, que são as maiores geradoras de empregos e motor da economia. Sob uma pressão fiscal crescente, empresários têm menos incentivo para investir, contratar e expandir suas operações. Isso leva a um ciclo de estagnação econômica que prejudica justamente aqueles que as políticas sociais deveriam beneficiar.
G20: Um Palco de Ideias Desconectadas da Realidade
A cúpula do G20 tem se tornado um espaço privilegiado para agendas ideológicas que muitas vezes ignoram as realidades econômicas de seus membros. Embora a intenção de combater desigualdades seja válida, o grupo falha ao propor soluções concretas e sustentáveis para financiar essas iniciativas. O foco excessivo em taxar os super-ricos pode parecer uma solução simples, mas desconsidera os mecanismos que realmente impulsionam o crescimento econômico, como a redução da burocracia, incentivos à produtividade e reforma tributária ampla.
O Brasil, ao insistir em propostas como essa, reforça uma narrativa populista que frequentemente prioriza ganhos políticos em detrimento da saúde econômica do país. A criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, embora simbólica, carece de clareza sobre como será financiada e implementada. Mais uma vez, o G20 se destaca por promessas vazias e metas ambiciosas, mas com pouca conexão com a realidade.
Conclusão: Um Debate Necessário, Mas Mal Conduzido
A discussão sobre a taxação dos super-ricos no G20 expõe a fragilidade das soluções simplistas para problemas complexos. Embora seja necessário debater a desigualdade global, insistir em medidas que não levam em conta as consequências econômicas é, no mínimo, irresponsável.
O Brasil, como anfitrião do G20, perdeu a oportunidade de liderar um debate mais pragmático, focado em reformas estruturais e na criação de um ambiente que favoreça o crescimento sustentável. Em vez disso, optou por um discurso que agrada à esquerda global, mas que oferece pouco em termos de resultados concretos. Enquanto isso, a conta – como sempre – ficará para o empresário, o trabalhador e, inevitavelmente, para o próprio crescimento do país.
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