Por Pr. Rilson Mota
Na idílica paisagem de Florianópolis, a Lagoa do Peri, famosa por suas águas cristalinas e reconhecida internacionalmente com o selo Bandeira Azul, enfrenta um momento de crise. Pela primeira vez desde maio de 2018, a lagoa, um refúgio para famílias e um símbolo de conservação ambiental, foi declarada imprópria para banho pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA). Este anúncio, feito após a coleta realizada na última terça-feira (3), lança uma sombra sobre um dos tesouros naturais da Grande Florianópolis.
A Lagoa do Peri não é apenas um ponto turístico; ela é uma unidade de conservação municipal, abrangendo 4.274 hectares de natureza exuberante, incluindo a vegetação restinga e a densa floresta ombrófila. Designada como Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri (MONA Lagoa do Peri) em 2019, seu status de conservação foi sempre um ponto de orgulho para a cidade, refletindo esforços contínuos de preservação e educação ambiental.
O selo Bandeira Azul, que a Lagoa do Peri ostentava com orgulho, é um reconhecimento internacional que premia a excelência em gestão ambiental, qualidade da água, segurança, e turismo sustentável. A recente impropriedade para banho levanta questões sobre a durabilidade e a eficácia desses programas de conservação, especialmente frente a eventos climáticos extremos.
A prefeitura de Florianópolis atribuiu a perda de qualidade da água às intensas chuvas dos últimos dias. Em nota ao NSC Total, explicaram que “é necessário aguardar novas coletas para que a situação seja reavaliada de forma precisa”, indicando que este pode ser um problema temporário. No entanto, o impacto imediato é sentido por aqueles que viam na Lagoa do Peri um lugar seguro e saudável para o lazer e a conexão com a natureza.
O cenário não é exclusivo da Lagoa do Peri. Em todo o estado de Santa Catarina, a balneabilidade das praias tem sofrido com a variação climática. Em Florianópolis, dos 87 pontos analisados, apenas 59,77% estão com água de qualidade adequada para banho. No contexto estadual, 37% dos locais monitorados pelo IMA estão impróprios, marcando uma piora em relação à semana anterior.
Este evento em Santa Catarina ecoa preocupações globais sobre a sustentabilidade e a resiliência das áreas de conservação frente a mudanças climáticas e urbanização. A Lagoa do Peri, como um microcosmo, demonstra como a natureza, mesmo protegida, pode ser vulnerável a eventos externos, suscitando debates sobre adaptação e proteção ambiental em escala global.
Especialistas em meio ambiente e turismo sustentável apontam que esta situação pode servir como um alerta para a necessidade de investimentos em infraestrutura de drenagem e tratamento de esgoto, além de políticas mais robustas de conservação e educação ambiental. A Lagoa do Peri, com seu status de Bandeira Azul, era um exemplo de como o turismo pode coexistir com a preservação, um exemplo que agora precisa ser repensado.
A comunidade local, acostumada a desfrutar das águas da Lagoa do Peri, agora se vê em um dilema entre a expectativa de retorno à normalidade e a necessidade de enfrentar uma possível nova realidade onde a qualidade da água não é mais garantida. Este evento impacta não só o turismo, mas a identidade cultural e a relação da população com seu ambiente natural.
A prefeitura promete monitoramento contínuo e ações corretivas, mas o incidente na Lagoa do Peri é um lembrete de que a preservação ambiental é um esforço contínuo e adaptativo. No Brasil e ao redor do mundo, onde a degradação ambiental e os eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes, a história da Lagoa do Peri pode inspirar políticas e práticas mais proativas para proteger nossos recursos naturais.
Em um tempo onde a sustentabilidade é mais do que uma palavra da moda, mas uma necessidade urgente, a perda temporária do selo de qualidade da Lagoa do Peri serve como um catalisador para uma reflexão mais profunda sobre como equilibrar desenvolvimento e conservação, para que o azul das nossas águas não se torne uma memória do passado.
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