Os efeitos do fechamento das escolas durante a pandemia de covid-19 tiveram impacto ainda maior do que muitos podem imaginar. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país registrou um aumento de mais de 170% no número de crianças fora das salas de aula em relação a 2019.
De acordo com o levantamento, 244 mil alunos e alunas de 6 a 14 anos não estavam matriculados no segundo trimestre, o que corresponde a uma alta de 171,1% na comparação com o mesmo período de 2019.
O percentual de crianças e jovens dessa faixa etária matriculados no ensino fundamental ou médio ficou em pouco mais de 96%, o menor índice desde 2012. Em 2019, a taxa era de 98%.
Novos dados, relativos aos últimos meses de 2021, devem ser publicados em breve. “Com o fechamento prolongado das escolas no Brasil, houve um distanciamento grande entre crianças, jovens e suas escolas”, afirma Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais do Todos pela Educação. “Isso cria desengajamento e, consequentemente, leva algumas crianças e jovens, principalmente os mais pobres, a saírem da escola.”
Em 2020, estimativas do IBGE apontavam que 4,9 milhões de crianças não recebiam lições escolares em meio à pandemia.
A pesquisa do instituto também mostra que houve um aumento de alunos que, embora matriculados, ficaram atrasados em sua trajetória escolar. Neste ano, o Brasil registrou um aumento do número de estudantes de 6 a 14 anos matriculados na pré-escola (uma etapa destinada a crianças de 4 e 5 anos). Também cresceu o número de jovens de 15 a 17 anos ainda no ensino fundamental.
As escolas da rede estadual de São Paulo voltaram a funcionar, no o dia 3 de novembro, sem o distanciamento social de um metro em sala de aula, como era exigido até então pelas regras de combate à covid-19 no Estado.
Com isso, a presença dos alunos se tornou obrigatória desde então. Todas as escolas voltaram a funcionar sem esquema de rodízio. A exigência também vale para as unidades particulares. No caso das municipais, as prefeituras têm autonomia para decidir.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo