Filho procurou suspeito de matar o pai por 12 anos, e conseguiu localizá-lo após pesquisas na web. Ele passou as informações às autoridades, que o prenderam.
Filho que localizou suspeito de matar o pai após 12 anos recebeu dezenas de mensagens nas redes sociais — Foto: Arquivo Pessoal
Após a repercussão da história do líder de produção Leandro Rodrigues, de 28 anos, que não desistiu durante 12 anos de encontrar o principal suspeito de matar o pai, em Registro, no interior de São Paulo, o jovem recebeu muitas mensagens de apoio nas redes sociais, e de pessoas que relatam esperar há anos a resolução de um crime.
Leandro conseguiu pistas da localização do suspeito de matar seu pai durante pesquisas na web. E, após entregar à polícia e à Guarda Municipal as informações que levantou, o homem foi preso.
“Já teve pessoas que acharam meu Facebook, falando que estão na mesma situação que eu vivi. Espero que esse seja o caminho, sempre tem alguém passando por tudo isso, querendo justiça, e fica a lição para nunca desistir”, destaca.
Um levantamento inédito divulgado pelo Fantástico em 2020 revelou que, no Brasil, em 11 estados, 70% dos homicídios não são solucionados, e os culpados seguem impunes. Além disso, conforme dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2021 – levantamento mais recente do órgão -, o Poder Judiciário do país finalizou o ano de 2020 com 75,4 milhões de processos em tramitação, ou seja, aguardando alguma solução definitiva.
Desses, 13 milhões, ou seja, 17,2%, estavam suspensos, sobrestados ou em arquivo provisório, aguardando alguma situação jurídica futura. Dessa forma, desconsiderados tais processos, teve-se que, em andamento, ao fim do ano de 2020 existiam 62,4 milhões ações judiciais.
Filho que localizou suspeito de matar o pai após 12 anos recebeu dezenas de mensagens nas redes sociais — Foto: Arquivo Pessoal
O caso de Leandro poderia ainda fazer parte destas estatísticas, caso ele tivesse desistido de encontrar o suspeito da morte de seu pai. E foi sua persistência, por 12 anos, que lhe rendeu centenas de mensagens nas redes sociais.
Amigos do líder de operação o parabenizaram após o ocorrido, e comemoraram que a justiça foi feita. “Sem palavras, eu vivi para ver essa história. Há 12 anos, você falava comigo, chorando, [dizendo] que um dia você iria encontrar [o suspeito]”, enviou um amigo. “Não tenho palavras por esse ensinamento”, acrescentou.
Uma mulher que conheceu a história pelas redes sociais também localizou Leandro e deixou uma mensagem. “Só queria te dizer que fiquei impressionada com sua persistência e inteligência para encontrar esse bandido. Lamento por sua perda, e torço para que essa pessoa passe muitos anos na cadeia. Parabéns por sua atitude, é realmente digna de um filme”, escreveu.
Relembre a história de Leandro
Nas fotos, é possível ver Leandro, ainda pequeno, ao lado do pai, que morreu quando ele era adolescente — Foto: Arquivo Pessoal
O homicídio do pai do jovem ocorreu em 2010. Leandro ainda era adolescente, e o pai dele, Elder Alves, tinha 38 anos. À época, a vítima estava indo até uma delegacia registrar um boletim de ocorrência contra o suspeito, que já havia o agredido e o ameaçava de morte. Contudo, Elder foi atingido por dois tiros, a poucas quadras do distrito policial, sendo que um dos disparos atingiu o coração, e ele não resistiu.
Após investigações, a Justiça decretou a prisão do suspeito, mas ele estava foragido desde então. Porém, ele nunca desistiu de localizá-lo. Inclusive, o líder de operação chegou a conseguir um estágio no Fórum da cidade, com o objetivo de acompanhar o processo. Mas, abalado com as fotos que viu do pai baleado, que estavam anexadas aos documentos, e com a falta de respostas, ele mudou de município pouco tempo depois, mas continuou as buscas.
Leandro nunca desistiu de encontrar suspeito de ter matado o pai em Registro, SP — Foto: Arquivo Pessoal
Até que, certo dia, ele fazia uma pesquisa na internet e descobriu que o suspeito abriu uma empresa no nome verdadeiro dele, na cidade de Aracaju (SE), porém, deu um telefone de Curitiba (PR).
Leandro conseguiu, por meio de um PIX enviado para esse número de contato, identificar o nome da esposa do homem, e encontrar ambos nas redes sociais, identificando que o acusado estava vivendo na Fazenda Rio Grande, no Paraná. Depois, repassou as informações à Polícia Civil e à Guarda Municipal, e o suspeito foi localizado e preso.
Carteira de Elder quando faleceu tinha foto com os filhos e terço, conforme conta Leandro — Foto: Arquivo Pessoal
Fonte: TV Tribuna