Em um caso que expõe profundas falhas éticas e institucionais, o advogado Fernando Carlos Oliveira Feitosa foi preso nesta terça-feira (5), em Fortaleza, por seu envolvimento em um esquema de venda de liminares durante plantões do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). A ordem de prisão foi finalmente emitida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) após o Ministério Público Federal (MPF) solicitar o início imediato do cumprimento da sentença. Condenado em 2020 a 19 anos, 4 meses e 2 dias de prisão, além de uma multa de R$ 241,3 mil, Feitosa usou os últimos anos para adiar a execução da pena, levantando questões sobre o poder de influência e os limites do direito de defesa.
A investigação, conduzida no âmbito da Ação Penal 841, aponta que Feitosa liderava o esquema criminoso, que funcionava de forma quase mercenária, comercializando liminares proferidas pelo próprio pai, o desembargador aposentado Carlos Rodrigues Feitosa, durante plantões judiciais. Com a confiança de que poderiam obter decisões favoráveis, os envolvidos anunciavam, via WhatsApp, os dias de plantão do desembargador, negociando os valores das sentenças — que variavam entre R$ 70 mil e R$ 500 mil. A prática, descoberta pela Operação Expresso 150 em 2015, revelou um esquema onde a própria estrutura de Justiça era manipulada para beneficiar interesses privados.
O escândalo não só representa uma afronta ao sistema judicial, mas questiona a responsabilidade e o exemplo que se espera de quem serve ao Judiciário. A venda de decisões judiciais é um atentado à própria ideia de Justiça, pois transforma o tribunal em um mercado onde quem paga mais recebe benefícios. Em um país onde a imparcialidade e a integridade do Judiciário deveriam ser pilares inabaláveis, o caso de Fernando Feitosa e de seu pai, um desembargador, escancara a fragilidade do sistema e a facilidade com que o poder pode ser manipulado para ganhos pessoais.
A Manipulação do Sistema Judicial: Um Abuso do Direito de Defesa
O caso Feitosa não é apenas um episódio isolado de corrupção, mas também evidencia como o abuso do direito de defesa e a sequência de recursos protelatórios transformam a Justiça em uma ferramenta de impunidade. Desde a condenação em 2019, pai e filho, junto com outros advogados envolvidos, utilizaram todas as brechas possíveis para evitar o cumprimento da pena, prolongando um processo que já havia transitado em julgado. Esse abuso foi alvo de críticas do MPF, que apontou que tal estratégia “transborda a garantia da ampla defesa e configura manifesto abuso do direito de defesa”.
A ministra Maria Thereza Assis Moura, relatora do caso, acolheu o pedido do MPF para execução da pena de Fernando Feitosa, destacando que o tempo decorrido e a repetição de recursos feriam o propósito do sistema judicial. Após quatro anos de manobras jurídicas, a Justiça finalmente determinou que a pena fosse cumprida, revelando um processo lento, mas inevitável, de responsabilização.
O Exemplo que Faltou e o Prejuízo à Credibilidade do Judiciário
Casos como o de Fernando e Carlos Feitosa são particularmente graves porque envolvem servidores do Judiciário, que têm a obrigação ética de serem exemplo para a sociedade. Quando o Judiciário, instituição que deveria assegurar a justiça e a equidade, se vê envolvido em um esquema tão deplorável, a confiança pública é abalada. A população, que depende de um sistema justo e íntegro, vê-se traída ao perceber que aqueles que deveriam zelar pela legalidade estão, na verdade, comprometendo-a em benefício próprio.
A prisão de Fernando Feitosa, ainda que tardia, representa uma resposta do sistema, mas também serve como um alerta sobre a necessidade de reformas que previnam o uso indevido do direito de defesa e a manipulação do processo judicial. Este caso expõe as vulnerabilidades do Judiciário e aponta a necessidade urgente de uma Justiça que atue de forma mais célere e implacável com aqueles que tentam subverter seus princípios para interesses pessoais.
Por Pr. Rilson Mota
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