Por Pr. Rilson Mota
A economia brasileira voltou a apresentar sinais alarmantes em novembro de 2024, com as contas externas registrando um déficit de US$ 3,060 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central. O saldo negativo reflete a deterioração das transações correntes do país, que incluem compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países. Essa performance é preocupante, especialmente quando comparada ao déficit de apenas US$ 3 milhões registrado no mesmo mês de 2023.
O que está por trás dos números?
O aumento expressivo no déficit se deve, em grande parte, à queda no superávit comercial, que foi impactado pelo crescimento de 8,9% nas importações em relação ao ano anterior, enquanto as exportações subiram apenas 0,4%. Além disso, as contas de serviços e renda primária apresentaram déficits significativos, impulsionados por gastos com transporte, propriedade intelectual e juros.
“Esse cenário demonstra não apenas uma economia em desequilíbrio, mas também uma falta de direcionamento estratégico nas políticas públicas para estimular a competitividade e reduzir a dependência externa”, avalia o economista José Carlos Ribeiro.
A persistência de déficits e seus riscos
No acumulado dos últimos 12 meses, o déficit em transações correntes atingiu US$ 52,417 bilhões, representando 2,37% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse valor é mais que o dobro do déficit registrado em novembro de 2023, que foi de US$ 25,844 bilhões. Para muitos analistas, esse crescimento exponencial é reflexo da ausência de políticas fiscais e cambiais eficientes.
O governo Lula, que assumiu com a promessa de recuperar a economia brasileira, tem enfrentado dificuldades em equilibrar as contas externas. Apesar de discursos otimistas, o aumento contínuo do déficit coloca em xeque a capacidade do país de financiar suas transações com o exterior sem recorrer a endividamentos prejudiciais.
Investimentos Diretos no País: alívio ou dependência?
Os investimentos diretos no país (IDP) têm sido apontados como um ponto positivo no cenário. Em novembro, o IDP somou US$ 6,956 bilhões, um leve aumento em relação ao mesmo mês de 2023. No entanto, os analistas alertam que essa dependência de capital externo para equilibrar as contas pode criar uma falsa sensação de segurança.
“Os investimentos diretos são bem-vindos, mas não podem ser a única solução. O governo precisa implementar reformas estruturais para atrair capital produtivo e reduzir o déficit comercial de forma sustentável”, afirma o consultor financeiro Marcos Vinícius Almeida.
Setores de serviço e transporte em alerta
Outro dado preocupante é o déficit na conta de serviços, que cresceu 24,6% em novembro, chegando a US$ 4,664 bilhões. Gastos com transporte aumentaram 63,3%, totalizando US$ 1,523 bilhão, impulsionados pelos altos custos dos fretes internacionais. Além disso, despesas com propriedade intelectual, como serviços de streaming, também registraram altas expressivas, refletindo uma economia cada vez mais dependente de importações tecnológicas.
Esse aumento nas despesas em serviços destaca a necessidade de fomentar o desenvolvimento interno de setores estratégicos, como logística e tecnologia. “É inadmissível que o Brasil, com seu potencial, continue gastando bilhões em áreas que poderiam ser desenvolvidas internamente”, comenta a economista Sandra Lopes.
O impacto nas viagens internacionais
A conta de viagens internacionais também registrou um déficit crescente, alcançando US$ 550 milhões em novembro. Esse valor é resultado de US$ 616 milhões gastos por estrangeiros no Brasil, enquanto os brasileiros gastaram US$ 1,166 bilhão no exterior. Embora o turismo interno tenha crescido, a fuga de divisas para o exterior ainda é significativa, agravando o saldo negativo.
Reservas internacionais: um colchão insuficiente?
As reservas internacionais do Brasil somaram US$ 363,003 bilhões em novembro, um aumento de US$ 3,093 bilhões em relação ao mês anterior. Apesar de representarem um colchão financeiro, os especialistas alertam que o uso contínuo dessas reservas para equilibrar déficits pode ter consequências graves a longo prazo.
“A dependência excessiva das reservas para cobrir déficits externos compromete a credibilidade do país no mercado internacional e aumenta os riscos de instabilidade cambial”, explica o analista internacional Pedro Ferreira.
O papel do governo Lula no agravamento da situação
As críticas ao governo Lula têm se intensificado, especialmente em relação à condução das políticas econômicas. Muitos apontam que a falta de foco em reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, está agravando o cenário econômico. Além disso, a ausência de incentivos claros para o setor produtivo tem impedido que a economia cresça de forma robusta.
“Estamos vendo um governo que prioriza o aumento do gasto público sem considerar os impactos a longo prazo. Essa estratégia não é sustentável e coloca o país em uma posição de fragilidade frente ao mercado externo”, critica o economista Fernando Braga.
O que esperar para 2025?
Com o déficit em transações correntes crescendo a passos largos, as perspectivas para 2025 não são otimistas. A necessidade de financiamento externo continuará aumentando, pressionando o real e tornando a economia brasileira ainda mais vulnerável a crises internacionais.
“A falta de planejamento estratégico por parte do governo é evidente. Se não houver mudanças drásticas nas políticas econômicas, o Brasil continuará caminhando para um cenário de maior endividamento e menor competitividade”, alerta a especialista em economia internacional Patrícia Andrade.
Conclusão
Os números divulgados pelo Banco Central são um sinal de alerta para o governo e para a sociedade brasileira. O aumento expressivo do déficit em transações correntes reflete não apenas problemas conjunturais, mas também estruturais, que precisam ser enfrentados com urgência.
Enquanto o governo Lula não adotar uma abordagem mais técnica e menos ideológica para a condução da economia, os riscos de colapso econômico permanecerão altos. A sociedade brasileira merece mais do que promessas vazias; merece um plano de ação claro e eficiente para enfrentar os desafios que já estão à porta.
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