Por Pr. Rilson Mota
A sessão solene de abertura do ano legislativo de 2025 no Congresso Nacional foi marcada por discursos que brilharam pela retórica de união e harmonia entre os Poderes, mas será que essa harmonia é real ou apenas uma performance para a plateia brasileira?
O senador Davi Alcolumbre, reeleito presidente do Senado e do Congresso, assumiu o palco para declarar que o Poder Legislativo representa a totalidade da população brasileira. Ele destacou desafios como o equilíbrio fiscal e a geração de emprego, mas será que essas promessas ecoam além das paredes do plenário?
Alcolumbre defendeu uma cooperação entre os Poderes, afirmando que Executivo, Legislativo e Judiciário são pilares da nação, não adversários. Mas, na prática, quanto de verdade há nessa cooperação? As recentes controvérsias sobre emendas parlamentares ao orçamento mostram um jogo de poder onde a harmonia parece mais uma tática de negociação do que um princípio seguido.
O senador pediu um Legislativo “forte, atuante e respeitado”, mas a realidade é que a força do Legislativo muitas vezes se reflete em embates com o Executivo e em decisões que podem ser anuladas pelo Judiciário. A união e pacificação entre vertentes políticas são louváveis, mas a prática política diária mostra um Congresso fragmentado e às vezes mais preocupado com interesses partidários do que com os da nação.
Alcolumbre sonhou em voz alta com um Brasil onde cada cidadão tem dignidade, emprego e oportunidades. No entanto, a execução dessas promessas depende de uma complexa trama de interesses, onde muitas vezes o cidadão comum está longe do centro da narrativa.
Hugo Motta, o novo presidente da Câmara, ecoou o desejo de harmonia, falando sobre o trabalho conjunto dos três Poderes como essencial para a democracia. Mas, novamente, a questão persiste: até que ponto essa independência e harmonia são reais ou apenas discursos para acalmar a população?
Motta pediu respeito às competências de cada Poder, mas quem realmente assegura isso? O equilíbrio entre os Poderes é constantemente testado pelas decisões do STF que podem invadir terrenos legislativos ou pela pressão do Executivo em busca de aprovação de medidas provisórias.
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, entregou a mensagem do Executivo, lida pelo deputado Carlos Veras. O presidente Lula, através dessa mensagem, prometeu continuar a parceria com o Congresso para promover desenvolvimento econômico com inclusão social. Mas, com a economia em cenário incerto e a necessidade de reformas, onde está a linha entre discurso e ação?
Lula mencionou avanços nos dois primeiros anos de seu terceiro mandato, mas o balanço apresentado parece mais uma lista de intenções do que de realizações concretas. A pergunta é: quando veremos essas colheitas “generosas” ou se elas são apenas sementes plantadas para a próxima eleição?
Luís Roberto Barroso, presidente do STF, trouxe a mensagem do Judiciário, evocando o respeito e o diálogo entre os Poderes. No entanto, a realidade mostra que o diálogo entre Judiciário e Legislativo nem sempre é tão civilizado, especialmente quando se trata de decisões que afetam diretamente a política e a sociedade.
Barroso defendeu a divergência com civilidade como marca da democracia, mas a história recente do Brasil mostra que essa divergência muitas vezes resulta em confrontos que vão além da civilidade, especialmente em temas polêmicos como reformas e direitos fundamentais.
A sessão solene, realizada no Plenário Ulysses Guimarães, foi uma exibição de unidade e respeito entre os Poderes, com o Hino Nacional ecoando pelo salão. Mas, o que realmente se esconde por trás dessas cerimônias? Seria uma verdadeira união ou apenas uma formalidade para a câmera?
A presença de representantes de todos os partidos, junto com embaixadores e figuras chaves do governo e da justiça, cria uma imagem de consenso e coesão nacional. No entanto, o que se vê fora do plenário é uma nação dividida por ideologias, interesses econômicos e regionais.
A cerimônia externa, com a pompa dos 21 tiros de canhão e a revista às tropas, é uma tradição que celebra a abertura dos trabalhos legislativos. Mas, será que essa celebração reflete a verdadeira disposição de trabalhar pelo bem comum ou é apenas uma performance para manter as aparências?
A independência real dos três Poderes é um tema que vai além dos discursos. Quando o Executivo tenta influenciar o Legislativo com emendas, quando o Judiciário toma decisões que sobrepõem legislações aprovadas, onde está a independência?
A independência do Judiciário, por exemplo, é frequentemente questionada quando suas decisões são vistas como interferências políticas. A autonomia do Legislativo, por sua vez, é posta à prova quando a pressão por aprovações de medidas urgentes do Executivo chega.
A realidade é que a harmonia entre os Poderes muitas vezes se resume a uma dança delicada de poderes e influências, onde cada um tenta manter seu espaço sem ceder muito ao outro. Esta dinâmica levanta a questão: até que ponto cada Poder está realmente trabalhando para o bem-estar da população, ou se estão mais preocupados com a manutenção de seu próprio peso político?
A agenda fiscal, a geração de emprego, e a luta contra as desigualdades são temas que requerem mais do que palavras. Requerem ações concretas, legislações eficazes, e uma administração competente do orçamento público que muitas vezes se perde em um mar de burocracia e interesses partidários.
Quando Alcolumbre fala em avançar na agenda fiscal, a pergunta que fica é: como isso será feito sem os atritos que já vimos entre o Congresso e o governo sobre o orçamento?
A independência do Legislativo deveria significar a capacidade de legislar sem pressões indevidas, mas na prática, vemos uma dependência financeira e política que pode influenciar decisões legislativas.
O Executivo, ao prometer reformas e programas sociais, precisa lidar com um Congresso que tem suas próprias agendas e interesses, o que muitas vezes resulta em promessas não cumpridas ou adiadas.
O Judiciário, chamado a ser o guardião da Constituição, frequentemente se vê no centro de polêmicas que testam sua independência, especialmente quando suas decisões têm impacto direto na política nacional.
A verdadeira independência dos Poderes seria visível se cada um pudesse operar dentro de suas esferas sem interferências que os desviam de seus propósitos constitucionais. No entanto, a realidade é um cenário onde a independência é constantemente negociada.
Além disso, o controle do orçamento, a nomeação de cargos estratégicos, e a aprovação de leis e medidas provisórias são terrenos onde a independência dos Poderes é frequentemente posta à prova.
A independência também se reflete na capacidade de cada Poder de fiscalizar e balancear os outros, algo que tem sido mais um ideal do que uma prática constante no cenário político brasileiro.
As falas sobre harmonia e união são essenciais para a imagem de uma democracia funcional, mas a prática política demonstra que essa harmonia é mais um objetivo a ser alcançado do que uma realidade vivida.
A abertura do ano legislativo é uma oportunidade para refletir sobre o que significa realmente a independência dos Poderes no Brasil. É um momento para questionar se as promessas de cooperação e respeito entre os Poderes são meramente discursos ou se há uma intenção genuína de transformar essas palavras em ações.
Em um país onde a política muitas vezes se assemelha a um teatro, a independência dos Poderes precisa ser mais do que um ato de abertura, deve ser a linha condutora de todas as ações governamentais, legislativas e judiciais.
Portanto, ao analisar a sessão solene de abertura do ano legislativo de 2025, devemos nos perguntar não apenas sobre o que foi dito, mas sobre o que será feito. A verdadeira prova da independência dos Poderes não está na cerimônia, mas nos dias que seguem, onde a política real acontece, longe dos holofotes e das câmeras.
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