Por Pr. Rilson Mota
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou neste sábado (16), no encerramento do Festival Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, no Rio de Janeiro, que até o fim de seu mandato em 2026 nenhum brasileiro passará fome. A fala veio acompanhada de um discurso inflamado, atribuindo à falta de responsabilidade dos governantes a existência de milhões de pessoas sem acesso à alimentação básica, enquanto elogiava os avanços de seu governo na retirada de 24 milhões de pessoas da fome. No entanto, ao analisar o contexto em que essas promessas foram feitas, o Brasil parece viver em dois mundos paralelos: o Brasil real, onde a população enfrenta desafios estruturais diários, e o Brasil de Nárnia, encenado nos palcos internacionais e em festivais como este.
O Brasil de Fantasia do G20
O evento, repleto de artistas renomados e discursos eloquentes, foi o encerramento do G20 Social, um espaço em que o Brasil assumiu a presidência com o objetivo de discutir temas como fome e pobreza global. No palco, Lula enfatizou que a fome não é uma questão natural, mas uma responsabilidade política global. O discurso, porém, parece desconectado da realidade nacional. Enquanto líderes e celebridades aplaudem ideias sobre combate à fome, o país real continua a conviver com problemas estruturais que tornam essa promessa quase utópica.
Ao dizer que “em 2026, não teremos nenhum brasileiro passando fome”, o presidente pinta um retrato de esperança, mas deixa de lado o fato de que as raízes da fome no Brasil estão diretamente ligadas à desigualdade social, ao desemprego e ao enfraquecimento da economia. Dados recentes mostram que mais de 33 milhões de brasileiros enfrentam a insegurança alimentar grave, e outros 125 milhões vivem algum grau de insegurança alimentar. É impossível desassociar esses números da falta de políticas públicas eficazes e sustentáveis.
O Brasil Real: Desafios Estruturais Ignorados
Enquanto a retórica presidencial brilha nos holofotes internacionais, o Brasil real enfrenta juros exorbitantes que travam o crédito e desestimulam o crescimento econômico. A taxa Selic, atualmente em 12,75%, corrói a capacidade de investimento das empresas e impede que a classe média respire financeiramente. A alta carga tributária, que consome até 40% da renda do brasileiro, continua sem reforma, asfixiando pequenos negócios e limitando o poder de compra da população.
Na saúde pública, o SUS luta contra a falta de insumos, superlotação e filas intermináveis. Um levantamento recente aponta que, em média, pacientes esperam 200 dias para uma consulta especializada no sistema público. Em meio a isso, milhões de brasileiros dependem exclusivamente de um sistema em colapso para cuidados básicos.
Na educação, os índices continuam alarmantes. Dados do IBGE revelam que mais de 70% dos estudantes brasileiros saem do ensino médio sem habilidades adequadas em português e matemática. O impacto dessa realidade ecoa no mercado de trabalho, dificultando o acesso a empregos de qualidade e perpetuando ciclos de pobreza.
Pão e Circo: Governando Pela Imagem
O Festival Aliança Global pode ser entendido como uma manifestação moderna de “pão e circo”, uma tentativa de distrair a população dos problemas estruturais do país com eventos culturais e promessas grandiosas. A presença de artistas consagrados e discursos emocionantes não apaga a sensação de que o governo está mais preocupado com sua imagem do que com a implementação de políticas efetivas.
Enquanto o palco do festival brilhava, gastos exorbitantes para a realização do “Janjapalooza”, como ficou apelidado nas redes sociais, levantaram críticas. Estima-se que os custos logísticos e de segurança do evento tenham ultrapassado R$ 10 milhões, recursos que poderiam ter sido direcionados para programas emergenciais de assistência social ou investimentos em infraestrutura básica.
Um País à Espera de Ações Concretas
O Brasil precisa urgentemente de políticas que vão além dos discursos. Reduzir a fome exige uma abordagem multifacetada, que inclua investimentos em geração de empregos, melhoria da qualidade educacional, acesso a crédito para pequenos agricultores e um sistema tributário mais justo. Promessas, por mais inspiradoras que sejam, não alimentam pratos vazios.
Ao olhar para o contraste entre o Brasil dos palcos e o Brasil das ruas, fica evidente que há uma desconexão preocupante. Para que o país supere a fome e a pobreza, o governo precisa descer do pedestal e enfrentar as complexidades do Brasil real. Até lá, promessas grandiosas como “nenhum brasileiro passará fome” correm o risco de se tornar mais uma ilusão em um cenário de crises e desafios não resolvidos.
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