A formalização do convite do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para que o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-GO) troque de partido para ser o candidato do PSD à Presidência da República ameaça repercutir na construção de alianças locais visando as eleições de 2022. A grande aliança que está se construindo em torno do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), por exemplo, pode ter alguns obstáculos com a formação dos palanques nacionais. Com um candidato próprio à presidência, fica mais difícil para o PSD atrair, no estado, outros partidos que também tenham presidenciáveis. Para os presidentes estaduais do PP, do DEM e do Cidadania, que já fecharam aliança com Ratinho, no entanto, nada mudou
“O Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, já disse que as candidaturas presidenciais não vinculam com as candidaturas ao governo dos estados, então isso não altera a nossa aliança já estabelecida com o governador Ratinho Junior aqui no Paraná, que independe do cenário nacional”, disse a deputada estadual Maria Victória (PP).
“É cedo para pensar nisso, mas, de qualquer maneira, não vejo o DEM com candidato à presidência. E também não acredito na candidatura do Pacheco pelo PSD”, afirmou o presidente estadual do DEM, deputado federal Pedro Lupion, que acredita que ele e Ratinho Junior estarão juntos, no palanque do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no ano que vem. “Antes de fecharmos esse apoio ao Ratinho [Junior], consultei o presidente. Não vejo outro palanque pra ele aqui”, acrescentou.
O PP é o partido do líder do governo federal na Câmara, Ricardo Barros (pai de Maria Victória). Pedro Lupion é vice-líder de Bolsonaro no Congresso, mas o DEM ainda está dividido entre o apoio à reeleição do presidente e o lançamento de uma candidatura própria, como a do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Ratinho Junior é um dos governadores mais próximos ao presidente Bolsonaro, tendo evitado atritos com o governo federal durante a crise política entre Bolsonaro e grande parte dos governadores, causada pela discussão sobre o enfrentamento da pandemia de Covid-19. A indefinição fica ainda maior porque o próprio presidente já está há quase dois anos sem partido e ainda não definiu por qual sigla disputará a reeleição. Decisão que precisa ser tomada até outubro.
Já para o Cidadania, a possível candidatura de Pacheco seria, até, um incentivo para a aliança no estado. “A possível candidatura do senador Rodrigo Pacheco é uma boa notícia para o momento. O conheço bem e posso dizer do seu preparo e qualificação”, afirmou o presidente estadual do partido, deputado federal Rubens Bueno.
Procurado pela coluna, o secretário-geral do PSD do Paraná e secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, José Carlos Ortega, que é quem tem tratado da política partidária da legenda de Ratinho Junior, afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que a filiação de Rodrigo Pacheco sequer aconteceu e que, por isso, ainda seria muito precipitado analisar qualquer influência deste fato nas articulações locais.