Pará, 17 de dezembro de 2025
A identificação de um novo tipo do vírus influenza A (H3N2), conhecido popularmente como “vírus K”, no Brasil, não é motivo para alarme imediato, segundo especialistas. Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), avalia que a circulação de variantes faz parte da dinâmica natural do influenza. Contudo, a detecção no Pará acende um sinal de alerta para a vigilância epidemiológica, exigindo atenção, mas sem pânico desnecessário.
Kfouri ressalta que qualquer estimativa sobre a gravidade, duração ou intensidade da próxima temporada de gripe seria prematura. “Não se sabe se essa vai ser a variante circulante e predominante ainda no mundo”, explica o especialista. A temporada de gripe no Hemisfério Norte está apenas começando, e a incerteza sobre qual cepa prevalecerá – H3N2 ou H1N1 – mantém a cautela entre os profissionais de saúde.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu uma nota informativa, chamando a atenção para o rápido aumento da circulação da variante K do Influenza A. Esse crescimento foi observado especialmente no Hemisfério Norte, abrangendo regiões como Europa, América do Norte e Leste Asiático. A comunicação da OMS serve como um aviso global para a monitorização da nova cepa.
Na Europa, a atividade da influenza iniciou mais cedo do que o habitual neste ano, indicando uma possível antecipação da temporada de gripe. A variante K representou quase metade dos casos de infecções reportadas entre maio e novembro de 2025. Apesar da alta prevalência, não foi registrada ainda nenhuma mudança significativa na gravidade clínica, em termos de internação hospitalar, admissões em cuidados intensivos ou óbito.
No Brasil, o Ministério da Saúde publicou um informe recente sobre a situação epidemiológica do país. Pela primeira vez, o documento destacou a identificação de um caso da variante K em território nacional, no estado do Pará. Essa detecção reforça a importância dos sistemas de vigilância e a capacidade do país em identificar novas cepas virais que possam representar riscos à saúde pública.
Mais detalhes sobre o registro foram divulgados nesta quarta-feira (17) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A amostra com a presença da nova variante foi coletada em Belém (PA), no dia 26 de novembro. Inicialmente, a análise foi realizada pelo Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen-PA), demonstrando a capilaridade da rede de saúde pública na detecção de patógenos.
Após a confirmação inicial de influenza A (H3N2), o material foi encaminhado ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) para um sequenciamento genético mais aprofundado. O caso refere-se a uma paciente adulta, do sexo feminino, estrangeira, oriunda das ilhas Fiji, e foi classificado como importado. Até o momento, não há evidências de transmissão local associada à variante no Brasil, o que é um dado tranquilizador.
Para Kfouri, a detecção de novas variantes é um evento esperado e faz parte da natureza do vírus influenza. “Todo ano temos novidade do influenza. É da natureza do vírus sofrer mutações e causar epidemias anuais”, explica. Por essa razão, a vacinação anual é fundamental, pois as vacinas são atualizadas conforme as previsões das cepas que circularão na temporada seguinte, visando a máxima proteção.
O especialista destaca que, mesmo quando há alguma distância genética entre a vacina e o vírus circulante, a proteção permanece, especialmente contra formas graves da doença. “Nunca se perde a efetividade. Há sempre alguma perspectiva ou expectativa de proteção, especialmente contra desfechos mais graves de hospitalização e morte”, afirma Kfouri, reforçando a importância da imunização.
Especialistas da Fiocruz corroboram essa visão, reforçando que a vacinação segue como a principal ferramenta de prevenção contra a influenza. A composição da vacina recomendada pela OMS foi atualizada em setembro, incorporando cepas mais próximas das atualmente em circulação, incluindo o subclado K. Essa atualização garante que a vacina ofereça a melhor proteção possível contra as variantes emergentes.
Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC, enfatiza: “A composição da vacina de influenza recomendada pela Organização Mundial de Saúde foi atualizada em setembro para o próximo ano, com cepas mais próximas dos clados atualmente em circulação, incluindo o subclado K”. Isso assegura que a população brasileira terá acesso a uma vacina eficaz.
Além da vacinação, as recomendações para a população incluem higienização frequente das mãos, evitar contato próximo em caso de sintomas respiratórios, uso de máscara e busca por atendimento médico, especialmente diante de febre. Para os serviços de saúde, a principal orientação é manter o fortalecimento contínuo da vigilância epidemiológica, laboratorial e genômica, garantindo a detecção precoce e a resposta adequada.
Comentário Exclusivo:
Apesar da tranquilidade inicial dos especialistas, a detecção de uma variante importada, com rápida circulação no Hemisfério Norte, não pode gerar complacência. A mensagem de “não alarme” é crucial para evitar pânico, mas a experiência recente com pandemias nos ensina que a subestimação de novos patógenos pode ter consequências devastadoras. É imperativo que a população mantenha a adesão à vacinação, mesmo que a percepção de risco seja baixa, para evitar surpresas desagradáveis.
A capacidade de identificar o caso importado no Pará é um ponto positivo da vigilância brasileira. Contudo, a eficácia do sistema de saúde será testada pela rapidez na detecção de uma possível transmissão local e pela cobertura vacinal. A dependência de casos importados para acionar o alerta pode ser um gargalo. É fundamental que a comunicação de risco seja clara e contínua, incentivando a prevenção sem alarmismo, mas com responsabilidade.
Por Pr. Rilson Mota
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