Por Pr. Rilson Mota
Em meio à paisagem tranquila de Guarapuava, no coração do Paraná, um drama se desenrola que questiona a moralidade, a responsabilidade e o próprio tecido da governança local. Kenny Rogers, mais conhecido como “Kenny do Cartório”, eleito vereador em 2024, se vê no centro de uma tempestade ética e legal após um incidente que não poderia ser mais trágico. Em 21 de dezembro de 2024, Kenny, dirigindo embriagado e com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) cassada, atropelou e matou José Maceno de Almeida, um idoso de 82 anos, enquanto ele caminhava pela calçada em uma avenida movimentada da cidade.
O que deveria ser uma tarde comum transformou-se em um pesadelo para a família de José e para toda a comunidade de Guarapuava. Após o acidente, Kenny tentou fugir do local, uma ação que só aumentou a gravidade de suas ações. Foi nesse momento de fuga que o destino interveio: dois delegados, que por acaso estavam de folga e passavam pelo local, testemunharam a tentativa de evasão. Com uma pronta intervenção, eles detiveram Kenny, evitando que ele se perdesse na noite, deixando para trás não apenas um corpo, mas também um legado de irresponsabilidade e dor.
A prisão de Kenny por homicídio culposo qualificado, evasão do local do acidente e omissão de socorro foi o primeiro choque para muitos que o viam como uma figura pública. No entanto, o que veio a seguir foi ainda mais perturbador. Liberado sob fiança de R$ 21.180 dois dias após a prisão, Kenny não só manteve sua liberdade, mas também sua posição como vereador. Isto levanta uma questão pungente: como alguém que demonstrou tal descaso pela vida e pela lei pode continuar representando a população?
A resposta a essa pergunta começou a ser escrita com a petição popular que, em 13 de fevereiro de 2025, foi protocolada na Câmara de Vereadores de Guarapuava. Com 1.490 assinaturas, a petição, iniciada por Lucas Castro, pede a cassação do mandato de Kenny. Este movimento cívico é apoiado por uma população que não aceita mais a ideia de que um vereador pode agir sem consequências após cometer um ato tão grave.
A petição é fundamentada em artigos do Código Penal e do Código de Trânsito Brasileiro, tentando assegurar que a justiça não seja apenas uma palavra, mas uma prática. Lucas Castro, ao protocolar o pedido, enfatizou a necessidade de uma resposta rápida da Câmara, que tem sete dias para ler oficialmente o pedido em sessão ordinária. A urgência é palpável; a comunidade de Guarapuava quer ver uma ação decisiva, não apenas palavras de condenação.
Mas este caso não é apenas sobre um acidente trágico; é sobre uma série de escolhas que culminaram em um desastre. Kenny Rogers não era um inexperiente na política ou na sociedade guarapuavana; ele tinha uma carreira estabelecida e uma reputação que, até então, parecia intocável. No entanto, dirigir em estado de embriaguez, com a CNH cassada, mostra uma falha moral e de julgamento que coloca em xeque sua capacidade de servir ao público.
A defesa de Kenny, por sua vez, tenta pintar um quadro de um homem que cometeu um erro, mas que não merece perder o direito de representar sua comunidade. No entanto, este argumento cai por terra quando se considera que não foi um erro isolado, mas uma série de decisões conscientes que levaram a esse trágico fim. O vereador não apenas dirigiu em condições proibidas, mas também tentou fugir, mostrando uma clara intenção de se esquivar das consequências de seus atos.
A repercussão deste caso vai além de Guarapuava. Ele se tornou um símbolo de uma crise na representação política, onde a ética e a responsabilidade parecem, por vezes, ser negociáveis. Em um país onde a confiança no sistema político já está abalada, casos como este apenas reforçam a necessidade de mecanismos mais rígidos de controle e de uma ética política que verdadeiramente reflita os valores da sociedade.
A Câmara de Vereadores, agora, está sob os holofotes, não apenas por ter que decidir sobre a cassação, mas também por como essa decisão será conduzida. Há uma clara expectativa de que este não seja apenas um processo burocrático, mas um ato de justiça que restabeleça a fé dos cidadãos na democracia local.
A tragédia de José Maceno de Almeida não é apenas uma perda pessoal para sua família; é um lembrete sombrio de que a vida pode ser ceifada pela imprudência de alguém investido de poder. O nome de José agora está inextricavelmente ligado à história de Kenny Rogers, um vereador cujas ações podem definir como Guarapuava e, quem sabe, outras cidades no Brasil, lidam com a responsabilidade e a moralidade de seus líderes.
A petição popular e a cobertura da mídia nacional trazem à tona questões sobre como os vereadores são escolhidos e monitorados. A impunidade, a sensação de que “acima de tudo, estão os políticos”, é desafiada por uma população cansada de desculpas e de uma justiça que parece cega para o poder.
A ironia deste caso é que Kenny Rogers, um nome que evoca o cantor conhecido por suas canções de amor, agora é lembrado por uma sinfonia de erros e sofrimento. Sua história é uma lição sobre como o poder pode corromper não apenas a ação, mas também o julgamento e a humanidade.
Os próximos passos da Câmara de Vereadores serão observados com lupa. Será que eles agirão com a justiça que a situação exige, ou permitirão que a política local seja manchada por essa tragédia? A decisão sobre a cassação de Kenny não é apenas sobre um vereador; é sobre a integridade do processo democrático em Guarapuava.
Enquanto isso, a família de José Maceno de Almeida vive um luto que é intensificado pela sensação de injustiça. Cada dia em que Kenny Rogers mantém seu cargo é um dia a mais de dor para os que perderam um ente querido, e um dia a mais de questionamento sobre o valor da vida em face da impunidade.
As ruas de Guarapuava, que antes ecoavam o nome de Kenny Rogers em orgulho, agora sussurram em dúvida e desaprovação. A comunidade está unida não apenas na dor pela perda de José, mas também na busca por um sistema que não permita que tais tragédias se repitam.
Este caso é um teste para a justiça, para a política e para a sociedade de Guarapuava. Será uma oportunidade para mostrar que o poder não está acima da lei, que o erro tem consequências, e que a vida de um cidadão tem valor acima de qualquer mandato político.
À medida que a história de Kenny Rogers continua a ser escrita, uma coisa é clara: Guarapuava, e todo o Brasil, está assistindo. A expectativa é por uma resposta que não só corrija um erro, mas também previna que o poder local se torne um escudo contra a responsabilidade.
E, finalmente, esta reportagem é um apelo para que o caso de Kenny Rogers não seja apenas uma notícia passageira, mas um ponto de virada onde a verdadeira essência da representação pública seja reafirmada: a de servir, proteger e honrar a vida de todos os cidadãos, sem exceção.
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