Por Pr. Rilson Mota
No verão paranaense, onde o sol brilha forte sobre o litoral, a Polícia Penal do Paraná (PPPR) destaca-se não apenas pela segurança, mas também pela arte e a reinserção social. Durante o Verão Maior Paraná, mais de mil brindes artesanais, como bonequinhas de lã e crochê, amigurumis e capivaras de pelúcia, foram distribuídos aos visitantes, todos frutos do trabalho de pessoas privadas de liberdade (PPL) em unidades de Ponta Grossa, Cascavel e Laranjeiras do Sul.
Ananda Chalegre, diretora-geral da PPPR, enxerga nessa iniciativa uma oportunidade única para mostrar ao público o lado humano e transformador do sistema penal. “É uma ponte entre a instituição e a comunidade, mostrando que dentro dos muros também se constrói, se cria, se aprende”, comenta ela, enfatizando como essas ações ajudam a desmistificar a realidade carcerária.
A produção desses brindes é uma peça fundamental na engrenagem da reinserção social. Dentro das unidades prisionais, os projetos de artesanato são muito mais do que uma ocupação; são uma via para a capacitação profissional, oferecendo aos custodiados uma chance de adquirir habilidades que podem ser valiosas após a liberação. A Lei de Execução Penal (nº 7.210/1984) respalda essas atividades, mostrando a importância da ressocialização.
Em Laranjeiras do Sul, 15 custodiados se dedicam ao artesanato, criando não apenas os brindes distribuídos, mas também uma série de outros produtos como tapetes e telas de pintura. O projeto é um exemplo de colaboração comunitária, com apoio do Conselho da Comunidade de Palmital, que ajuda a fornecer os materiais necessários para que a arte possa florescer mesmo em condições de privação de liberdade.
A policial penal Abilene Stefanoski coordena o projeto em Laranjeiras do Sul, onde a metodologia de ensino é baseada na troca de conhecimentos. “Um interno com habilidades avançadas ensina os demais, promovendo um aprendizado colaborativo que vai além da técnica, formando um laço de solidariedade e aprendizado mútuo”, descreve Abilene.
Em Ponta Grossa, o mascote da PPPR, Luke, foi transformado em amigurumis, encantando os visitantes do Verão Maior Paraná. Essas criações são resultado do trabalho de cerca de 40 presos, que, com materiais doados pelo Conselho da Comunidade de Ponta Grossa, encontram nas linhas e agulhas um caminho para a esperança e a produtividade.
Já em Cascavel, a criatividade também se manifesta de forma sustentável, utilizando resíduos têxteis para confeccionar capivaras de pelúcia e bonequinhas de fuxico. Esses trabalhos, além de serem brindes, são destinados às maternidades do Litoral, mostrando que a arte pode ter um propósito social ainda maior. A parceria com a Unioeste, através do Projeto Educar para o Futuro, garante a qualidade e a continuidade do ensino artesanal.
A remição de pena é um incentivo poderoso para os participantes desses projetos. Cada três dias de trabalho dedicado ao artesanato se traduzem em um dia a menos de pena, uma recompensa que vai além do material, incentivando a disciplina, o trabalho e a responsabilidade.
Essas iniciativas da PPPR não são apenas sobre brindes; são sobre construir pontes entre o mundo interno e externo, mostrar que a reinserção é possível e que a arte pode ser uma ferramenta de transformação. No calor do verão paranaense, cada item artesanal distribuído é um testemunho de que dentro das prisões, há esperança, há talento, e há uma comunidade trabalhando para um futuro melhor.
Assim, a PPPR não apenas protege, mas também inspira, educa e reconstrói vidas, um ponto de crochê, uma pincelada de tinta, um laço de lã de cada vez, provando que a verdadeira segurança vem da transformação social e humana.
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