Por Pr. Rilson Mota
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), núcleo de Francisco Beltrão, realizou uma operação na manhã desta segunda-feira (16) para desmantelar um esquema criminoso de tráfico de drogas com atuação dentro e fora da Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão, no Paraná. Denominada “Operação Companis”, a ação resultou no cumprimento de três mandados de busca e apreensão domiciliar, dois mandados de busca pessoal e um mandado de prisão preventiva.
A operação é resultado de uma investigação iniciada em novembro deste ano, após um flagrante que revelou o funcionamento do esquema. Na ocasião, uma mulher foi detida tentando entrar na penitenciária com 128 gramas de cocaína escondidas em suas partes íntimas. A droga foi descoberta durante o procedimento de inspeção realizado por policiais penais, que imediatamente deram voz de prisão à visitante.
Com o flagrante, o Ministério Público do Paraná aprofundou as investigações e descobriu que a mulher atuava como mula do tráfico, a mando de um grupo criminoso. A partir deste ponto, foi identificada a responsável por preparar e fornecer os pacotes de droga a mulheres que aceitavam o risco de participar do esquema. Esta última foi alvo do mandado de prisão preventiva cumprido na manhã desta segunda-feira.
Além disso, as buscas se estenderam para a residência e o escritório de uma advogada, cuja participação no esquema ainda está sob investigação. A atuação da advogada, caso comprovada, pode revelar um nível mais sofisticado de articulação e capilaridade da organização, envolvendo não apenas familiares de detentos, mas profissionais que deveriam representar a justiça.
Durante o cumprimento dos mandados, os agentes do Gaeco apreenderam documentos e equipamentos eletrônicos, incluindo celulares, que serão periciados minuciosamente. A análise do conteúdo apreendido será fundamental para identificar outros membros do grupo criminoso e esclarecer detalhes sobre a hierarquia e funcionamento do esquema.
A Dinâmica do Esquema
A escolha do nome “Companis” para a operação — que significa “companheira” em latim — reflete o modus operandi do grupo. O esquema consistia em cooptar mulheres, principalmente companheiras de detentos, oferecendo pagamento em dinheiro para que transportassem drogas ocultadas em suas partes íntimas durante os dias de visita na penitenciária.
Esse tipo de estratégia, além de expor as mulheres ao risco de prisão, evidencia o poder de influência das facções criminosas dentro do sistema prisional. O uso de familiares e pessoas próximas aos detentos como instrumentos para levar drogas para dentro das penitenciárias é uma prática recorrente, mas extremamente perigosa e degradante.
O Papel do Gaeco e a Importância da Operação
O Gaeco, braço essencial no combate ao crime organizado, vem intensificando operações no Paraná para desarticular esquemas ilícitos ligados a penitenciárias. Em entrevista, um representante do núcleo de Francisco Beltrão destacou que a Operação Companis é mais um exemplo do forte controle que organizações criminosas tentam exercer sobre os sistemas prisionais.
“Esses grupos criminosos exploram a vulnerabilidade de familiares e companheiros dos detentos, oferecendo dinheiro em troca da realização de atividades ilícitas. O trabalho do Gaeco é romper essa cadeia e responsabilizar tanto os líderes quanto os facilitadores dessas operações”, afirmou o promotor envolvido no caso.
Participação de Profissionais e Impacto Social
A possível participação de uma advogada no esquema levanta preocupações sobre o uso indevido do direito de defesa para fins ilícitos. O papel de profissionais do meio jurídico em casos como este, se comprovado, representa uma grave violação ética e criminal, além de enfraquecer a confiança da sociedade no sistema de justiça.
A operação também expõe a fragilidade do controle de visitas em penitenciárias, apesar das medidas preventivas adotadas. Especialistas apontam que os recursos limitados, aliados à superlotação e à sofisticação das técnicas criminosas, tornam os presídios vulneráveis à infiltração de drogas e outros materiais ilícitos.
Impacto Regional e Nacional
A desarticulação deste esquema em Francisco Beltrão serve como um alerta para o cenário nacional, onde casos semelhantes se repetem em diferentes penitenciárias do país. O uso de mulas humanas — muitas vezes mulheres em situação de vulnerabilidade — é uma tática antiga, mas que vem se sofisticando com o tempo.
Segundo dados recentes, o tráfico de drogas dentro do sistema prisional é um dos principais fatores de fortalecimento de facções criminosas, gerando violência, corrupção e desestabilização tanto dentro quanto fora dos presídios.
Próximos Passos
Com a apreensão de documentos e eletrônicos, a expectativa é de que novas prisões e mandados sejam expedidos nos próximos dias. A análise do material apreendido deverá fornecer provas concretas sobre a estrutura da organização, seus líderes e demais participantes.
Além disso, o Ministério Público deve aprofundar a investigação sobre a advogada envolvida, para determinar o seu nível de envolvimento e a extensão do esquema criminoso.
Conclusão
A Operação Companis é um marco no combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado no Paraná. A ação, liderada pelo Gaeco, não apenas interrompeu um esquema criminoso ativo, mas também revelou a fragilidade do sistema prisional e a necessidade de medidas mais rígidas de controle e monitoramento.
O caso evidencia a importância de operações integradas e investigativas como ferramentas essenciais para enfraquecer as redes criminosas, responsabilizar os envolvidos e proteger a sociedade. A busca pela justiça, contudo, deve ser contínua, para que as penitenciárias deixem de ser palco para o fortalecimento do crime organizado.
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