Por Pr. Rilson Mota
A condenação do campeão mundial de Jiu-Jitsu Erberth Santos, a 14 anos, sete meses e 21 dias de prisão pelos crimes de roubo e estupro, abalou o mundo esportivo e trouxe à tona uma realidade dolorosa: o sofrimento profundo e o abandono enfrentado pelas vítimas de crimes violentos. O caso, ocorrido em Mato Grosso do Sul e julgado pela 2ª Vara Criminal de Três Lagoas, transcende os holofotes midiáticos, evidenciando os traumas emocionais e psicológicos vividos por quem enfrenta a violência de perto.
O Crime e Suas Consequências
Erberth Santos, que um dia foi celebrado como um prodígio no tatame, agora ocupa manchetes por motivos sombrios. Sua condenação, ao lado de André Pessoa, que também participou do roubo, é um lembrete brutal de como escolhas destrutivas podem transformar carreiras promissoras em tragédias pessoais e sociais. Contudo, enquanto a queda do atleta ganha os holofotes, as vítimas desse crime enfrentam um tipo de prisão invisível: o trauma que acompanha a violência sofrida.
Para além do ato criminoso, os relatos das vítimas revelam os impactos devastadores deixados pela violência sexual e pelo roubo. No caso de estupro, as sequelas psicológicas incluem transtornos como depressão, ansiedade, estresse pós-traumático e dificuldade de reintegração à vida cotidiana. A confiança é rompida, e a sensação de segurança, essencial para a qualidade de vida, torna-se um desafio quase inatingível.
A Realidade do Abandono
Um dos aspectos mais críticos desse tipo de crime é o abandono enfrentado pelas vítimas. Muitas vezes, elas são silenciadas pela sociedade, que não compreende ou valoriza adequadamente suas dores. O sistema de saúde e assistência social, por sua vez, frequentemente falha em oferecer suporte integral, deixando-as desamparadas em um momento de extrema vulnerabilidade.
Segundo especialistas, o acompanhamento psicológico e social imediato é essencial para que as vítimas possam reconstruir suas vidas. No entanto, a ausência de políticas públicas robustas e a morosidade do sistema judiciário reforçam a sensação de descaso e impunidade. Para muitas vítimas, o processo judicial, ainda que necessário, pode ser re-traumatizante, obrigando-as a reviver o episódio de violência em detalhes.
O Contexto de Violência e a Questão Cultural
Casos como o de Erberth Santos evidenciam não apenas falhas individuais, mas também uma problemática estrutural em nossa sociedade. A cultura da violência e a normalização de comportamentos abusivos são enraizadas em diferentes esferas, desde a educação até o ambiente esportivo.
No esporte, em particular, a ausência de um acompanhamento psicológico e ético adequado pode permitir que atletas em ascensão negligenciem o impacto de seus comportamentos fora do tatame. A responsabilidade social de treinadores, dirigentes e federações esportivas é essencial para prevenir que figuras públicas se tornem exemplos de comportamento destrutivo.
O Papel da Sociedade e do Poder Público
Enquanto os holofotes midiáticos focam na condenação do agressor, a sociedade precisa olhar além das manchetes e questionar: como estamos cuidando das vítimas? Como estamos prevenindo que crimes dessa natureza continuem ocorrendo?
O investimento em educação, campanhas de conscientização e programas de suporte às vítimas são passos fundamentais para construir uma sociedade mais justa e acolhedora. Além disso, é imprescindível que o sistema de justiça seja célere e eficaz, garantindo não apenas a punição dos culpados, mas também o acolhimento e reparação às vítimas.
Uma Reflexão Necessária
O caso de Erberth Santos é um lembrete amargo de como o talento e a notoriedade não garantem caráter ou integridade. Mais do que isso, é uma oportunidade para refletirmos sobre o impacto que crimes violentos têm nas vidas das vítimas, que muitas vezes são esquecidas em meio ao espetáculo midiático.
A luta por justiça não termina com a condenação de um criminoso; ela precisa incluir a reconstrução das vidas destroçadas pela violência. Enquanto isso não for prioridade, continuaremos a falhar como sociedade, perpetuando o ciclo de abandono e sofrimento.
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