Por Pr. Rilson Mota
A madrugada deste sábado (23) trouxe medo e desespero para os moradores de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O som de tiros, que começou por volta das 4h30, ecoou pelas localidades conhecidas como Sertão e Sertãozinho, transformando a rotina de quem vive na região em um cenário de guerra urbana. Enquanto vídeos do tiroteio circulavam pelas redes sociais, a sensação de impotência e abandono por parte das autoridades públicas tomava conta da comunidade.
A Realidade da Violência
A plataforma “Onde Tem Tiroteio” (OTT) registrou os confrontos às 6h30 e 6h44, apontando a escalada do conflito entre facções criminosas que disputam o controle da área. Segundo a Polícia Militar, equipes do 18º BPM (Jacarepaguá), Bope, Recom e 2º CPA foram deslocadas para reforçar o policiamento e realizar buscas na região. Até o momento, não há registros de feridos, mas o saldo humano vai além dos números.
Para os moradores, o trauma emocional de viver sob o som constante de tiros é tão devastador quanto os riscos físicos. “Não conseguimos dormir. Parece que estamos no meio de uma guerra e ninguém se importa”, relata uma moradora que pediu anonimato por medo de represálias.
A Falta de Prioridade na Segurança Pública
O episódio evidencia uma das maiores falhas na gestão da segurança pública no Rio de Janeiro: o abandono das comunidades periféricas. Apesar das ações ostensivas da polícia durante os episódios de violência, as operações são pontuais e muitas vezes insuficientes para combater a estrutura do crime organizado que domina a região.
A ausência de políticas públicas integradas para prevenir a violência e oferecer oportunidades de desenvolvimento socioeconômico perpetua o ciclo de insegurança. As facções criminosas se consolidam como “autoridades paralelas”, impondo regras e disputando territórios, enquanto os moradores vivem à margem de um estado que deveria protegê-los.
O Peso do Abandono
Além da violência, o abandono governamental é evidente em outros aspectos. Infraestrutura precária, falta de acesso adequado à saúde e educação, além de oportunidades de emprego limitadas, tornam as comunidades como Rio das Pedras vulneráveis ao domínio do crime organizado.
Moradores frequentemente se sentem esquecidos pelo poder público, que parece priorizar áreas mais nobres da cidade em detrimento das periferias. “Não temos segurança, não temos voz. Só aparecemos nas notícias quando tem tiroteio ou tragédia”, desabafa um comerciante local.
Impactos Emocionais e Psicológicos
O impacto psicológico de viver em um ambiente dominado pelo medo é devastador. Estudos indicam que a exposição contínua à violência pode levar a transtornos como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. Crianças e jovens crescem em um ambiente onde a violência é normalizada, afetando suas perspectivas de futuro e contribuindo para perpetuar o ciclo de exclusão e criminalidade.
“Muitos não conseguem nem ir à escola nesses dias. O barulho dos tiros é apavorante. As crianças perguntam se estamos seguros, mas como garantir isso?”, questiona uma mãe que vive na comunidade.
A Inação dos Governantes
Enquanto a violência persiste, o poder público falha em implementar soluções de longo prazo. Políticas que apenas reprimem, sem oferecer alternativas socioeconômicas, tornam-se paliativas e incapazes de transformar a realidade.
O Rio de Janeiro precisa de uma estratégia que vá além da militarização e contemple a inclusão social, o fortalecimento das redes de proteção e a recuperação da confiança entre comunidade e Estado. Investir em educação, saúde e infraestrutura básica não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma medida essencial para combater a raiz do problema.
O Que Está em Jogo
A situação de Rio das Pedras é um reflexo de um problema maior, que afeta não apenas o Rio de Janeiro, mas diversas cidades brasileiras. A negligência governamental em relação às comunidades vulneráveis não é apenas uma falha administrativa; é uma violação do direito fundamental à segurança e à dignidade humana.
Os moradores de Rio das Pedras, assim como de tantas outras comunidades, merecem mais do que operações policiais pontuais. Eles merecem políticas públicas que coloquem suas vidas e bem-estar no centro das prioridades. Enquanto isso não acontecer, o ciclo de violência e abandono continuará a fazer reféns em uma cidade que luta diariamente para manter viva a promessa de ser “maravilhosa”.
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