Por Pr. Rilson Mota
Nesta terça-feira (19), a Câmara dos Deputados concluiu a votação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 175/24, que estabelece regras de transparência, rastreabilidade e execução para emendas parlamentares ao Orçamento. A proposta, que já havia sido aprovada na Câmara, precisou passar por uma nova análise após alterações no Senado e segue agora para sanção presidencial.
O projeto foi elaborado em resposta à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a execução de emendas parlamentares até que fossem criadas normas claras sobre controle social, transparência e limites fiscais. O ministro Flávio Dino, do STF, determinou que os pagamentos de emendas pelo Poder Executivo só seriam permitidos mediante total rastreabilidade e publicidade.
Transparência e Limites: O Que Muda com o PLP 175/24
Entre os principais pontos do texto aprovado está a exclusão das emendas de modificação do limite do arcabouço fiscal, desde que sejam classificadas como de interesse nacional e que a destinação específica já conste no Projeto de Lei Orçamentária. Essa alteração busca harmonizar as regras de transparência com a necessidade de atender demandas locais e regionais.
O projeto também introduz novas diretrizes para a alocação de recursos:
- Percentual de Receita Corrente Líquida: Atualmente, 3% da receita corrente líquida da União do ano anterior são destinados às emendas parlamentares, sendo 2% para emendas individuais e 1% para bancadas. Esse critério será mantido para despesas primárias em 2025, exceto em casos de correções de erros ou omissões.
- Emendas de Comissão: A partir de 2025, o valor destinado será de R$ 11,5 bilhões, corrigido anualmente pelo IPCA.
- Regime Fiscal a Partir de 2026: As emendas passarão a seguir a regra do regime fiscal, com correções baseadas no IPCA e no crescimento real da receita primária, vinculadas ao cumprimento das metas fiscais.
Análise Crítica: Avanço ou Apenas um Remendo?
Embora o PLP 175/24 represente um avanço no controle das emendas parlamentares, especialistas questionam se ele será suficiente para combater o uso político desses recursos. A falta de rastreabilidade nas emendas já foi alvo de críticas por possibilitar práticas de clientelismo e desvio de finalidade. Ao exigir transparência e controle social, o STF abriu um importante debate sobre como os recursos públicos são distribuídos e geridos.
Por outro lado, há quem veja nas mudanças uma oportunidade para fortalecer o papel das emendas como instrumento de desenvolvimento regional. A exclusão das emendas de modificação do limite fiscal, por exemplo, pode facilitar a destinação de recursos a projetos estratégicos. No entanto, a ausência de critérios objetivos para definir o “interesse nacional” pode abrir margem para disputas políticas e judicializações.
Outro ponto de atenção é o impacto das novas regras sobre a responsabilidade fiscal. O vínculo das emendas ao crescimento da receita primária e ao cumprimento de metas fiscais é positivo, mas sua aplicação prática dependerá de um monitoramento rigoroso, especialmente em um cenário de pressão por aumento de gastos públicos.
Próximos Passos e Desafios
Com a aprovação na Câmara, o PLP 175/24 segue para sanção presidencial. Sua implementação exigirá ajustes nos processos administrativos e fiscais, além de um compromisso efetivo do Poder Executivo e do Legislativo em garantir que os recursos sejam aplicados de forma eficiente e transparente.
A nova legislação representa um marco no controle das emendas parlamentares, mas apenas o tempo dirá se será capaz de equilibrar as demandas locais com a necessidade de rigor fiscal e transparência. Para a população, o principal desafio continua sendo o acompanhamento e a cobrança de resultados concretos, garantindo que os recursos cheguem onde são realmente necessários e contribuam para o desenvolvimento do país.
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