Por Pr. Rilson Mota
Diante da forte pressão cambial e da disparada do dólar, que já ultrapassa os R$ 5,77, o Banco Central do Brasil (BC) anunciou que voltará a intervir no mercado de câmbio. Pela primeira vez em quase três meses, a autoridade monetária realizará dois leilões de venda com recompra programada, somando até US$ 4 bilhões das reservas internacionais. A medida busca conter a alta do dólar, que atinge novos patamares em função de fatores internos e externos que estão pressionando o real.
A operação ocorrerá nesta quarta-feira (13), com dois leilões de até US$ 2 bilhões cada, e o compromisso de recompra foi fixado para abril e julho de 2025. Essa estratégia, conhecida como “leilão de linha”, permite ao BC injetar liquidez em momentos de turbulência sem uma perda imediata nas reservas cambiais. O movimento segue a última intervenção direta feita em agosto, quando foram vendidos US$ 1,5 bilhão sem recompra, em uma tentativa de estabilizar o câmbio.
Pressões que Elevam o Dólar: Fatores Internos e Externos
A recente alta do dólar no Brasil reflete uma combinação de fatores. No cenário internacional, o dólar vem se valorizando globalmente, impulsionado pela expectativa de novas elevações nas taxas de juros nos Estados Unidos. Com a inflação ainda preocupando o mercado norte-americano, o Federal Reserve (Fed) deve manter uma política monetária restritiva, atraindo capitais para ativos denominados em dólar e pressionando as moedas de economias emergentes, como o real.
Internamente, o Brasil enfrenta um contexto de incertezas fiscais e econômicas. As recentes projeções para o crescimento econômico estão cada vez mais moderadas, e a trajetória fiscal do país ainda levanta questionamentos, afetando a confiança dos investidores e aumentando a demanda por moedas estrangeiras como uma proteção contra a volatilidade do real. Além disso, a inflação local, impulsionada por custos de importação mais altos e pressões sobre os preços de commodities, adiciona mais peso a essa dinâmica.
Comentário: Limitações e Eficácia das Intervenções do Banco Central
A intervenção do Banco Central, embora necessária para reduzir a volatilidade cambial, possui efeitos limitados a curto prazo, especialmente em um contexto onde o real segue pressionado por variáveis macroeconômicas que vão além do controle direto da autoridade monetária. O uso de leilões com compromisso de recompra é uma forma de mitigação temporária, mas o impacto positivo na estabilidade cambial tende a ser limitado se as condições internas e externas continuarem desfavoráveis.
Para garantir uma estabilidade mais duradoura do câmbio, o país precisará de uma combinação de política fiscal e monetária que recupere a confiança do investidor. A responsabilidade fiscal, por exemplo, é um dos caminhos para reduzir o risco Brasil e, consequentemente, atenuar a pressão sobre o câmbio. Medidas que incentivem o crescimento econômico e reduzam a incerteza fiscal no longo prazo podem trazer efeitos mais sustentáveis. Enquanto isso, o Banco Central enfrenta o desafio de equilibrar as intervenções para evitar uma elevação ainda maior do dólar, que, a longo prazo, impacta diretamente os preços de insumos, energia e produtos importados no mercado doméstico, afetando o bolso do brasileiro.
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