Você já imaginou chegar em uma propriedade rural e se deparar com vacas cobertas de mimos do tipo imensos ventiladores, bolas de pilates e sutiãs? Isso tem se tornado cada vez comum no campo. Afinal, não somos apenas nós, seres humanos, que queremos e precisamos de conforto nestes dias quentes, de temperatura ultrapassando facilmente os 30 graus. Todo mundo, seja as pessoas, os animais e as plantas buscam sombra e água fresca.
Isso porque o sol e o calor, invariavelmente, causam desgastes, consomem muito mais nossas energias e, em alguns casos, acabam por comprometer, mesmo que parcialmente, o rendimento. No meio rural, com plantas e animais, a situação é semelhante. Ao menor sinal de estresse térmico, o rendimento pode cair, o que resulta em perdas de produtividade e, consequentemente, financeiras para o produtor rural. Por isso que, ao máximo, agricultores e pecuaristas se preocupam em proporcionar ambientes adequados e equilibrados.
Com os animais, a situação é um pouco mais flexível para “fugir” do intenso calor e do sol em relação as plantas. No caso das vacas, o caminho é o uso de enormes ventiladores no espaço dedicado aos animais. Além da sombra, comida e água fresca, os aparelhos garantem boas temperaturas e o bem-estar animal. O conforto do rebanho passa também por bolas de pilates nos galpões para que possam brincar e o sustentador de úbere, que, na prática, funciona como sutiã para as vacas. O equipamento permite jogar o peso do úbere (ou seja, as tetas) para o dorso do animal para gerar mais conforto e, claro, mais leite na hora da ordenha.
Nos aviários, a preocupação com a temperatura é ainda maior. Afinal, o menor registro de aumento de calor no ambiente pode resultar na morte dos pintainhos, animais extremamente frágeis. Os espaços que acolhem milhares de pintainhos por lote possuem sistema de aquecimento, que garante a temperatura ideal para o desenvolvimento e crescimento. Sistemas similares são utilizados nas granjas de porcos e tanques de peixes (neste caso, para a temperar a água).
No campo, as lavouras sobrem com o calor intenso e as altas temperaturas. Isso causa um estresse hídrico nas plantas, principalmente quando ocorre na fase de desenvolvimento. Na última safra de verão, produtores relataram registros de 57 graus no meio da lavoura de soja. Inevitável uma queda brusca de produção da oleaginosa, que ultrapassou as 10 milhões de toneladas e, em cifras, os R$ 30 bilhões.
Como a agricultura é uma indústria a céu aberto, não há muito o que fazer, além de torcer pelo bom humor de São Pedro. Alguns produtores investem em sistema irrigados. Mas, isso, além do alto custo com o maquinário, exige autorização para uso da água, a chamada outorga d´água, que, em tempos de secas, tem sido restrita pelos órgãos responsáveis.
Não é à toa que os agricultores e pecuaristas têm esses cuidados com as plantas e animais. O combate ao estresse térmico garante boas produtividades nos grãos, carnes e leite. E, sabemos que isso impacta no bolso do produtor e, consequentemente, nos preços dos alimentos para os cidadãos das cidades.
Fonte: Rural & Urbano