Mercado foi rebaixado em dois níveis e colocado no mesmo nível de Jamaica, Panamá, Botsuana, Trinidad e Tobago, Zimbábue, Líbano e Palestina
SÃO PAULO – A Morgan Stanley Capital International (MSCI), fornecedora global de ativos financeiros, revisou suas classificações para 2021 e, nessa análise, passou a enxergar a Argentina como um mercado “muito pior” do que os demais emergentes.
Com isso, os ativos argentinos passarão a ser classificados a partir de novembro como Mercados Autônomos, ranking dois níveis abaixo de Mercados Emergentes, no qual o mercado do país estava inserido antes. Segundo o jornal Cronista, a expectativa era de um rebaixamento menor, para o segmento de Mercados de Fronteira, uma vez que países de fronteira já são considerados aqueles com mercados de menor liquidez e maior risco.
A decisão causa ainda mais espanto aos investidores porque o país passou a ser excluído de todos os índices MSCI. O grupo de Mercados Autônomos, ao qual a Argentina faz parte agora, conta também com países como Jamaica, Panamá, Botsuana, Trinidad e Tobago, Zimbábue, Líbano e Palestina.
Em relatório, os analistas Guilherme Paiva, Juan Ayala e Julia Leão Nogueira, do Morgan Stanley, escrevem que se estima uma saída de US$ 300 milhões em investimentos de fundos passivos como consequência da reclassificação, visto que diversos fundos globais replicam as carteiras dos índices MSCI.
O valor corresponde a cinco dias de volume operado na Bolsa de Buenos Aires levando-se em consideração a média dos últimos três meses. A empresa de softwares Globant deve ser a mais afetada por representar 80% MSCI Argentina Standard Index, com um fluxo de saída de US$ 250 milhões (equivalente ao volume de 5,8 dias de negociação do papel), seguida por US$ 30 milhões de vendas na Adecoagro (três dias de negociação da ação).
A equipe do Morgan Stanley mantém recomendação underweight (posição menor na carteira) para os ativos argentinos em relação a seu portfolio latino-americano. As justificativas são os desequilíbrios macroeconômicos e distorções nas políticas microeconômicas do país.
De acordo com Feldman, diretor global da MSCI, desde setembro de 2019, os investidores institucionais internacionais estão sujeitos à imposição de controles de capital na Argentina, o que prejudica a segurança dos investimentos no país.
“Apesar do fato de que o Índice MSCI da Argentina permanece replicável, dado que somente as listagens estrangeiras são elegíveis para inclusão no índice, a severidade prolongada dos controles de capital sem resolução não está de acordo com os critérios de acessibilidade do mercado do Índice de Mercados Emergentes da MSCI”, explicou.
Para a equipe de análise do Itaú BBA, esse é um exemplo de “pior cenário possível” e a retirada de capital do país pode chegar a US$ 366 milhões. Os analistas do Itaú lembram que além de Globant e Adecoagro, o índice do MSCI para ações argentinas também conta com os papéis da petroleira YPF, que deve US$ 33 milhões com a reclassificação, o que corresponde a 4,5 dias de negociação dos papéis.