Os efeitos nocivos do isolamento sobre o bem-estar psicológico serviram de alerta para as organizações
A pandemia impulsionou o foco dos gestores a aspectos do ambiente de trabalho até então pouco avaliados pela maioria das empresas. A produtividade e a jornada de trabalho passaram a ser medidas por diferentes métricas, e a saúde mental do colaborador passou a ser chave para a continuidade dos negócios. Levantamento realizado com 1.724 colaboradores, incluindo gestores, mostrou que 38% têm a saúde mental como um dos principais temas de gestão de pessoas a serem trabalhados neste ano.
O relatório do Great Place to Work (GPW), que entre os 1724 entrevistados tinha 358 representantes da alta liderança (C-level e diretoria) de diversos setores da economia, mostra que, com a pandemia, a saúde mental se tornou ponto central na gestão das pessoas e dos negócios das empresas pesquisadas.
Para 71% dos entrevistados, a questão da saúde mental do trabalhador é relevante para gestão de pessoas e, além de programas específicos em saúde mental, as lideranças são fundamentais no rastreio e promoção de saúde mental de suas equipes.
Em relação às iniciativas voltadas ao cuidado com a saúde mental do colaborador durante a pandemia, 30% sinalizaram que as empresas começaram as ações de cuidado devido à pandemia e 24% não realizaram ações voltadas ao tema.
“Se precisamos transformar a sociedade para nos reerguermos de um período de grande turbulência, são as pessoas que farão isso. Se precisamos reinventar o nosso negócio e nos adaptar às novas condições, são as pessoas que encabeçarão esse movimento. As pessoas são o meio, o caminho e justamente por acreditar nisso foi que o GPTW, lá atrás, muito antes da pandemia, assumiu o compromisso de apoiar a liderança das empresas a cuidar das suas pessoas”, explica Daniela Diniz, Diretora de Conteúdo e Relações Institucionais do GPW.
Segundo o relatório, embora desafiador, existe uma maior conscientização sobre o assunto que até pouco tempo era um tabu nos corredores corporativos. Quando perguntados sobre como acreditam que acontece o adoecimento mental, 77% afirmam que têm tanto a participação de genes quanto de estressores do meio como relações complexas de trabalho.
Neste recorte, o levantamento também investigou o significado de cuidar da saúde mental dos trabalhadores para entender como esse cuidado se traduz na prática e o que, na opinião dos profissionais no mercado de trabalho, é responsabilidade da empresa e da liderança. Para 45% dos entrevistados, cuidar da saúde mental é identificar as fontes de estresse e atuar sobre as causas com o objetivo de promover um ambiente de trabalho mais saudável.
Por outro lado, apenas 11% sinalizam que o cuidado passa por treinar as lideranças para lidar melhor com a saúde mental de seu time.
Diniz explica que por maior que seja o otimismo e a esperança – e, sim, ambos são fundamentais, diz ela –, o clima de incerteza ainda paira sobre muitos aspectos e decisões. Porém, mesmo diante de tantas indefinições, a certeza fundamental é a de que cuidar das pessoas é uma decisão estratégica para qualquer organização que queira prosperar hoje, amanhã e sempre.