Curta-metragem mostrou como o uso de máscaras impactou a comunicação de pessoas que tem perda total ou parcial da audição. Irmãos têm pais surdos e quiseram representá-los no vídeo.
Jovens londrinenses são premiados pela ONU
Os irmãos Victor e Glória Rocha de Araújo, de 10 e 12 anos, foram premiados, na terça-feira (7), pela Organização das Nações Unidas (ONU) em um concurso cultural por um vídeo feito sobre inclusão social.
A gravação do projeto foi feita em Londrina, no norte do Paraná, e mostrou como o uso de máscaras na pandemia impactou a comunicação de pessoas que tem perda total ou parcial da audição.
No Brasil, esse grupo de pessoas engloba mais de 10 milhões de cidadãos. Com as máscaras, torna-se impossível fazer leitura labial e o uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras) também ficou comprometido.
“Libras não é só saber fazer os sinais, você tem que se expressar também pelo rosto”, explicou a estudante Lorena Maria Fernandes da Silva, que auxiliou no vídeo.
Irmãos de 10 e 12 anos foram premiados por vídeo feito em Londrina — Foto: Arquivo pessoal
Lorena também é londrinense e participou da elaboração do curta. Ela faz pós-graduação na Espanha e foi quem descobriu o concurso da ONU.
“A cabeça do projeto era a Glória, porque tudo que eu tinha ideia e queria aplicar no projeto eu perguntava para ela, se ela concordava, então ela que dava a palavra final.”
Feito em junho, o curta-metragem “Silêncio na Pandemia” teve como cenário a casa da avó e as ruas do bairro onde os irmãos moram.
A ideia
O curta foi gravado com um celular, pela própria Lorena, e traduzido para o inglês pela irmã dela.
Foram 30 dias desde as primeiras ideias para a produção do vídeo, até as gravações e a edição.
O vídeo tem cinco minutos e foi inspirado na história de vida dos dois irmãos, que têm os pais surdos.
“O que eu mais queria passar no vídeo era sobre os meus pais serem surdos e a dificuldade que eu via que eles, eu acompanhando eles, que eles passavam nos lugares que eles iam. Porque não dá para ver a leitura labial, e tem surdos que conseguem ver tudo pela Libras mas, por exemplo, a minha mãe, ela vê mais pela leitura labial. Por causa da máscara não deu para ver o que a pessoa está falando”, explicou Glória.
Glória discursou durante a cerimônia da ONU — Foto: ONU/Divulgação
A mãe das crianças, Jucimara Machado da Rocha, disse que ficou emocionada e surpresa com a premiação dos filhos.
A premiação internacional ocorreu em Nova York, nos Estados Unidos, pela internet. Inclusive, Glória discursou para os representantes das nações unidas, cineastas, jornalistas e jovens do mundo inteiro que acompanharam a cerimônia.
O prêmio de 1 mil dólares será dividido entre as duas primas que moram fora do país e ajudaram na produção do vídeo, e as duas crianças de Londrina.
Para a Glória, muito mais importante que o prêmio foi transmitir a mensagem do vídeo: que o mundo se torne mais inclusivo aos deficientes auditivos.
“Só de você ter, entender que aquela pessoa precisa de uma atenção a mais pra você conseguir se comunicar com ela e ter noção de que ela passa a ter dificuldade, questão de empatia mesmo, já é um passo a frente”, disse.
O concurso abre espaço para crianças e jovens do mundo expressarem visões sobre migração, inclusão social, diversidade, prevenção da xenofobia.
Neste ano, a temática foi relacionada ao impacto da Covid-19 na vida das pessoas.
Por RPC Londrina — Londrina