Segundo a defesa, laudo atesta veracidade de gravações que apontam tortura dos condenados. Documento pede que Beatriz Abagge, Davi dos Santos Soares e Osvaldo Marcineiro sejam absolvidos e indenizados.
A defesa de Beatriz Abagge, Davi dos Santos Soares e Osvaldo Marcineiro protocolou, na segunda-feira (6,) um pedido de revisão criminal das condenações dos três pela morte do menino Evandro Ramos Caetano, em Guaratuba, no litoral do Paraná.
O documento apresenta um laudo que, segundo a defesa, atesta a veracidade das gravações que apontam que houve tortura dos então suspeitos durante a investigação, na década de 1990, para que eles confessassem o crime.
Segundo a defesa, durante os julgamentos em que os três foram condenados, as gravações com as confissões foram apresentadas editadas.
Os áudios completos, que mostram os acusados recebendo instruções para confessar os crimes, se tornaram públicos em 2020, durante o podcast Projetos Humanos, que contou a história do caso.
Ao fim de uma batalha judicial que se prolongou por mais de duas décadas, Beatriz Abagge foi condenada a 21 anos de prisão. Os pais de santo Osvaldo Marcineiro e Davi dos Santos Soares foram condenados a 20 e 18 anos, respectivamente.
De acordo com o pedido, as provas são ilícitas porque foram obtidas mediante tortura e influenciaram o restante do processo.
Os advogados pedem que Beatriz, Davi e Marcineiro sejam absolvidos, os processos sejam anulados e que uma indenização seja paga aos três.
O recurso precisa ser analisado pelo Tribunal de Justiça do Paraná, que decide se acata ou nega o pedido.
Defesa pede revisão das sentenças de condenados pela morte de Evandro Ramos Caetano — Foto: Reprodução/RPC
A RPC entrou em contato com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, com a Polícia Militar e com o Ministério Público do Paraná e aguarda retorno.
Julgamentos
Desde os anos 1990, caso teve cinco julgamentos diferentes. Um dos tribunais do júri, realizado em 1998, foi o mais longo da história do judiciário brasileiro, com 34 dias.
Na época, as Beatriz e Celina Abagge, mãe dela, foram inocentadas porque não houve a comprovação de que o corpo encontrado era do menino Evandro.
O Ministério Público recorreu e um novo júri foi realizado em 2011. Beatriz, a filha, foi condenada a 21 anos de prisão. A mãe não foi julgada porque, como ela tinha mais de 70 anos, o crime já tinha prescrito.
Os pais de santo, Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos Soares e Vicente de Paula, também foram condenados, na época, pelo sequestro e homicídio do garoto.
Por g1 Curitiba e g1 PR