Os altos custos de produção e as dinâmicas de mercado devem continuar, ao longo dos próximos meses, a pressionar as margens dos produtores dedicados à bovinocultura de corte. Em razão disso, especialistas do setor ressaltam a necessidade de o pecuarista implantar mecanismos eficientes de gestão, contemplando a propriedade como um todo.
As análises foram apresentadas na reunião da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da FAEP, nesta semana. O evento contou com palestras do especialista em gestão Luciano Araújo, da empresa Terra Desenvolvimento Agropecuário, e de Maurício Velloso, presidente da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon).
“Muito se fala das turbulências que estamos vivendo agora. Vocês vão achar que esse momento foi ‘café pequeno’, coisa de pouca monta. As turbulências serão bem mais radicais. A nossa constante será a inconstância”, definiu Velloso.
Por um lado, o presidente da Assocon mencionou barreiras comerciais – “travestidas de barreiras ambientais, técnicas ou sanitárias” – como elementos que devem continuar interferindo de forma aguda na atividade.
Por outro lado, Velloso projeta que o Brasil deva assistir, nos próximos meses, a inversão do ciclo pecuário, com maior oferta de animais de reposição, preços em queda e fêmeas colocas para abate. Ele ressaltou que o bovinocultor de corte deve estar de olho no mercado e na gestão de sua propriedade para tomar decisões acertadas.
“Temos uma demanda interna que não é espetacular, mas é forte. E forte o suficiente para enxugar o maior segundo giro de confinamento que já tivemos. Mas esse estoque está acabando. É preciso que os animais novos tenham pastagem de qualidade e suplementação para serem terminados. E não vão ser terminados no primeiro semestre [de 2022]”, observou. “Nosso desafio reside na capacidade de produzir o melhor que pudermos em termos de custos”, destacou.
Velloso também apresentou dados de mercado que expõe a compressão das margens do produtor. Segundo os cálculos, na década de 1980, com a arroba negociada a uma média de R$ 407, o produtor obtinha um lucro líquido de R$ 779 por hectare.
Essa relação foi piorando ao longo dos anos. Entre 2016 e 2020, a arroba esteve num patamar médio de R$ 248 e as margens despencaram para R$ 205.
Fonte FAEP