Às vésperas do Natal, lojas e shoppings costumam funcionar com horário ampliado, o que exige um consumo maior de eletricidade
Leonardo Vieceli e Filipe Oliveira
Rio de Janeiro e São Paulo
Reflexo da crise hídrica, a conta de luz mais cara é um desafio adicional para o varejo no Natal deste ano, segundo analistas e empresários.
É que, além de elevar a inflação para o consumidor, as tarifas mais altas de energia elétrica aumentam os custos de operação para os lojistas, que apostam na data para aquecer as vendas.
Às vésperas do Natal, lojas e shoppings costumam funcionar com horário ampliado, o que exige um consumo maior de eletricidade.
“A pressão da energia traz dois impactos. O primeiro é a redução no poder de compra do consumidor com a energia mais cara e a subida da inflação”, aponta o economista Fabio Bentes, da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
“O segundo efeito é de custo. A energia tem peso bastante significativo para determinados segmentos do comércio”, emenda.
Segundo Bentes, a luz representa, em média, 7,6% das despesas de operação no varejo.
Em hipermercados e supermercados, a marca sobe para 10,4%, devido ao uso de equipamentos para refrigeração de produtos. Esse percentual fica ainda maior e beira os 20% no caso de mercados e armazéns de pequeno porte, indica o economista.
Ao longo deste ano, a energia ficou mais cara em razão da crise hídrica no Brasil.
A escassez de chuva força o acionamento de usinas térmicas, o que aumenta os custos para geração de eletricidade. O reflexo é a conta mais alta para empresas e consumidores.
No cálculo do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a energia elétrica residencial acumula alta de 19,13% no ano, até outubro, e disparada de 30,27% em 12 meses.
A luz é uma das principais responsáveis pela escalada do índice oficial de inflação do Brasil. O IPCA chegou a 10,67% em 12 meses, até outubro, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em meio a esse cenário, até a montagem das tradicionais decorações com luzes natalinas, em centros comerciais ou em espaços abertos, tendem a ficar mais custosas neste ano.
O Natal Luz, no município de Gramado, na serra gaúcha, começa a sentir o efeito da luz mais cara, segundo a organização do evento, que começou no final de outubro e vai até janeiro.
A programação é composta por uma série de espetáculos natalinos, e pontos da cidade são decorados com luzes e enfeites da data.
“Sem dúvida nenhuma, teremos um impacto bastante expressivo em relação aos outros anos e, principalmente, em relação aos meses em que esses pontos de energia não são utilizados”, diz a arquiteta Tatiana Ferreira, chefe do departamento de infraestrutura e segurança da Gramadotur, autarquia responsável pelo Natal Luz.
“Ainda não conseguimos estabelecer um comparativo, pois não completamos um mês de evento, mas já se percebe o impacto financeiro”, completa.
A pressão de custos não para por aí. É que, segundo Tatiana, o evento utiliza geradores de energia para a realização dos espetáculos. Esses geradores consomem óleo diesel, que também ficou mais caro neste ano.
O combustível subiu com a recuperação do petróleo no mercado internacional e o avanço do dólar, dois fatores levados em consideração pela política de preços da Petrobras