Giulia Brogliatto Moreira mora em Guarapuava e disputou vaga com quase 500 candidatos. Centro universitário informou que aprovados devem apresentar comprovante do ensino médio completo.
Por Caio Budel, g1 PR — Curitiba
19/11/2021 14h10 Atualizado há 3 horas
Giulia, que é bolsista da rede particular de ensino, está cursando o 1º ano do ensino médio. — Foto: Maybi Brogliatto Moreira/arquivo pessoal
Passar no vestibular para o curso de medicina, objetivo que tira o sono e exige dedicação intensa de muitos estudantes, foi um sonho que se realizou cedo para a paranaense Giulia Brogliatto Moreira.
Aos 15 anos, completados no dia 9 de novembro, a estudante do 1º ano do ensino médio foi uma das aprovadas para medicina no Centro Universitário Campo Real, em Guarapuava, na região central do Paraná.
O resultado do vestibular, apesar de aguardado com muita expectativa pela estudante e pela família, foi recebido com surpresa.
“Eu sabia que eu tinha ido bem por causa do gabarito, mas não imagina que fosse entrar. Eu achei que eu tinha ido bem para uma aluna do 1º ano […] serviu pra ver que estava valendo a pena o que eu estava estudando”, disse Giulia.
O vestibular de medicina foi organizado e aplicado pelo Núcleo de Concursos da Universidade Federal do Paraná (NC/UFPR). A prova foi realizada por Giulia em outubro.
Além da adolescente, outras 496 pessoas de diversas partes do Estado tentaram uma chance ao realizar a prova, que teve concorrência de 9,04 candidatos por vaga.
O resultado do vestibular foi divulgado dia 16. Foram oferecidas 55 vagas para a graduação em medicina.
Foi pela mãe, a advogada Maybi Brogliatto Moreira, que Giulia soube da aprovação.
“Quando saia qualquer coisa no edital eu já entrava correndo pra ver. Eu estava bem ansiosa. E aí ficamos o dia 16 inteiro esperando, porque a gente não sabia a hora que ia sair o resultado. E assim que saiu, minha mãe viu e me mandou”, destacou.
Pais de Giulia realizaram trote com a aluna para celebrar a aprovação — Foto: Maybi Brogliatto Moreira/arquivo pessoal
Estudos na pandemia
Giulia é bolsista da rede particular de ensino. Ela foi contemplada com o benefício quando finalizou o 9º do ensino fundamental, após participar de um processo seletivo. A bolsa é válida para todo o ensino médio.
Na pandemia, ela conta que encontrou formas próprias para continuar estudando.
“Eu tive que aprender a fazer bastante coisa sozinha. Eu sempre fui extrovertida, sentava na primeira cadeira, conversava com os professores, tirava dúvidas. Aí no ensino remoto, você fica mais distante. Foi bem difícil para eu me adaptar”.
Impasse para cursar
Em nota, o Centro Universitário Campo Real informou que, pelo edital de inscrição, no momento da matrícula, o aprovado deve apresentar o comprovante do ensino médio completo.
A estudante disse que ainda não decidiu se tentará se matricular na graduação e também não sabe se poderá fazer isso, considerando a idade que tem.h
A mãe dela explicou que, em pesquisas feitas após a aprovação, a família percebeu que o caso de Giulia é raro no Brasil e que a legislação ainda não é clara sobre a entrada no ensino superior de alunos que não concluíram o ensino médio.
Para além da questão jurídica, há dúvidas pessoais da família de Giulia envolvendo o futuro da aluna.
“Tenho certeza que ela tem maturidade, ainda que técnica, no entanto a gente começa a pensar em todas as situações. Desde ela estar convivendo com jovens mais velhos na faculdade, a questão da mensalidade, mas o principal, que a gente até pensa é que em vez de estar beneficiando poderia estar até prejudicando, ela tem interesse em prestar vestibulares para medicina em universidades públicas. E, aí, ela não poderia continuar prestando os concursos porque para ela poder assumir caso passe, teria que ter o ensino médio concluído”, explicou a mãe.